SÃO PAULO (Reuters) - A Raízen (BVMF:RAIZ4), maior empresa do setor de açúcar e etanol do Brasil, reafirmou projeção de elevar a moagem de cana para cerca de 80 milhões de toneladas na temporada 2023/24, iniciada em abril, disseram executivos da companhia nesta segunda-feira.
Isso representaria um crescimento de 8,8% na comparação com a safra 2022/23 encerrada em março, que totalizou 73,5 milhões de toneladas.
Em 22/23, a companhia reduziu sua moagem em 3,4% na comparação com o ciclo anterior, ainda sob efeitos da consequência do clima desfavorável e de uma redução da área plantada, com a empresa focando a renovação do canavial em boa parte das áreas remanescentes.
"A previsão anteriormente era fazer 79 milhões de toneladas, e fizemos 73,5 milhões por conta da seca, mas aproveitamos a lacuna para acelerar a reforma do canavial, o que no longo prazo é uma medida saudável para a companhia", disse o diretor financeiro da Raízen, Carlos Moura, em entrevista à Reuters.
"Estamos muito confiantes com os 80 milhões", destacou.
Segundo ele, o único risco é a ocorrência do El Niño, que geralmente resulta em um regime de chuvas mais intensas, o que atrapalha a colheita e consequentemente a moagem.
Ele lembrou que a companhia acelerou a reforma do canavial para obter maior produtividade média, o que ajudaria a Raízen a reduzir a sua ociosidade nas usinas.
"Temos capacidade ociosa muito grande, para ter ideia temos 105 milhões de capacidade total de moagem, e moemos 73,5 milhões... a nossa capacidade ociosa é maior do que o segundo colocado no Brasil, é enorme oportunidade para a gente aproveitar", disse.
Uma safra com maior produtividade é favorável também pois dilui custos fixos, de diesel, fertilizante e mão de obra, despesas estas que arrefeceram. "Estamos bem confiantes para a performance agroindustrial desta safra."
O CFO afirmou que a empresa concluiu, diante da grande capacidade ociosa, que não fazia sentido levar adiante uma negociação para fazer oferta de aquisição da BP Bunge (NYSE:BG).
"Como líderes do mercado, temos obrigação de olhar todas as oportunidades que surgem, mas temos 73 milhões de moagem efetiva e capacidade de 105. Pra que angariar mais capacidade?", disse. "Fazia sentido olhar, mas não fazia sentido se engajar."
Além da busca por ampliar a produtividade agrícola, a Raízen também tem investido em etanol de segunda geração, produzido a partir do bagaço e da palha.
"Estamos expandindo o nosso negócio, com três plantas em construção. A quarta e a quinta estão em terraplanagem. Vamos entregar uma planta nova em agosto", disse ele.
O executivo afirmou que, após uma disparidade entre gasolina etanol no ano passado, por questões tributárias, a expectativa é de uma normalização para o mercado do biocombustível este ano.
Ele afirmou ainda que está mais confiante em um crescimento maior do mercado de diesel no Brasil, em razão de uma queda de preços e uma safra recorde de grãos, que demanda mais o combustível, entre outros fatores.
(Por Roberto Samora)