Por Ben Blanchard
TAIPÉ (Reuters) - A oposição de Taiwan sofreu uma grande derrota neste sábado, após eleitores rejeitarem quatro referendos que havia defendido como uma demonstração de falta de confiança no governo.
A derrota dos referendos chega no momento em que Taipé enfrenta pressão militar e política cada vez maior de Pequim, e incentiva a presidente Tsai Ing-wen - reeleita com grande maioria de votos ano passado prometendo não se curvar à China.
A China reivindica o país governado democraticamente como seu território.
O principal partido de oposição de Taiwan, o Kuomintang, ou KMT, que tradicionalmente favorece laços próximos com Pequim, espera se recuperar em eleições para prefeito no final do próximo ano.
Os dois referendos mais polêmicos de sábado se referiam à proibição de importações de porco contendo o aditivo ractopamina, por questões de segurança, e se um planejado terminal de gás natural liquefeito (GNL) deveria ser realocado para proteger um recife.
O governo aprovou a importação de porco ano passado, esperando remover um obstáculo para um acordo de livre mercado com os Estados Unidos, onde a ractopamina é amplamente utilizada, e mostrar que é um parceiro comercial confiável.
O governo taiuanês também afirma que o terminal de GNL assegurará fornecimento de energia para o país produtor de semicondutores, atingido por cortes de energia em maio.
Autoridades do governo disseram que o terminal de GNL será transferido mais para longe da costa para minimizar o impacto nos recifes, mas o referendo de sábado buscava uma realocação completa.
O comparecimento no sábado foi baixo, mas o governo recebeu bem a derrota dos referendos.
“O povo de Taiwan quer sair para o mundo e está disposto a participar ativamente na comunidade internacional”, disse Tsai a repórteres, se referindo ao referendo sobre a carne suína.
O governo dela espera que o resultado também reforce sua tentativa de se juntar ao Acordo Abrangente e Progressivo para Parceria Trans-Pacífica, ou CPTPP.
Questionada sobre a votação, uma autoridade do Instituto Americano em Taiwan, na prática a embaixada dos EUA na ausência de relações diplomáticas formais, disse: “Continuaremos a buscar uma relação construtiva com Taiwan em assuntos que afetam as exportações de alimentos e produtos agrícolas dos EUA.”
O presidente do KMT, Eric Chu, que assumiu o cargo em setembro prometendo revitalizar a sorte do partido, pediu desculpas pelo fracasso.
“Não vamos nos desencorajar. Vamos continuar trabalhando duro. Nós sempre estaremos ao lado do povo. Precisamos sempre representar as opiniões do povo e nos opor à ditadura democrática do governo”, disse.
O clima frio pode ter sido culpado pelo comparecimento baixo, acrescentou.
O KMT também pediu que os eleitores aprovassem uma terceira questão, para reiniciar uma usina nuclear desativada, dizendo que era a melhor maneira de garantir o fornecimento de energia. O governo quer eliminar o uso de energia nuclear em Taiwan.