Temores fiscais no Brasil, riscos políticos, preocupação com o ritmo de vacinação contra a covid-19 e um Copom com comunicado considerado "hawkish" dividem a atenção dos investidores com reforços de mais liquidez mundial. Em Nova York, os índices futuros sobem, assim como a maioria das bolsas europeias. Novos reforços de que a injeção de recursos no globo continuará abundante estimulam a busca por ativos de risco, o que fora corroborado após a posse ontem de Joe Biden como presidente dos EUA.
"Mais estímulos no mundo, reforçados por Biden, pelo BC japonês e também pelo BCE sinalizam liquidez elevada, o que tende a favorecer busca por risco", afirma em nota o economista-chefe do BC, Roberto Padovani, ponderando que a possibilidade de novos confinamentos na França por causa da pandemia de covid-19 pode atrapalhar eventuais altas.
Apesar do tom otimista externo, preocupações internas continuam incomodando os investidores, o que pode impedir avanço do índice até o fim do dia, mesmo depois de dois dias seguidos de queda. Ontem, caiu 0,82%, fechando aos 119.646,40 pontos, em dia de recordes nos EUA.
"Tivemos um Copom mais duro, o que vai requerer revisão das estimativas. O mercado ainda está em dúvida se o início do processo de alta da Selic virá no primeiro semestre, ou não. Isso não é bom para o mercado", afirma economista-chefe do banco digital ModalMais, Álavaro Bandeira.
Além da expectativa de ajude nas projeções para o juro básico, o investidor continua demonstrando preocupação com a imunização contra o novo coronavírus no Brasil, cujo processo está lento e parado em alguns lugares por causa da falta de insumos, que são trazidos na China. O país asiático, por sua vez, estaria segurando a vinda da matéria-prima ao Brasil por causa de estranhamento nas relações comerciais entre as duas nações.
"O que está pesando é o problema com a vacina, pois não há quantidade suficiente para imunizar grande parte da população. Isso gera uma quebra das expectativas positivas que houve assim que anunciaram o início da vacinação, e o mercado vê que falta insumo", avalia Bruno Takeo, gestor da Ouro Preto Investimentos. Às 10h44 desta quinta-feira, 21, o Ibovespa subia 0,24%, aos 119.929,09 pontos, após máxima aos 120.242,86 pontos.
"No entanto, o presidente Jair Bolsonaro parece que está entendendo a importância da China para o Brasil. O país tem sido um dos grandes responsáveis pelo avanço do superávit do Brasil. Um outro ponto positivo é que Bolsonaro enviou carta cumprimentando Biden", afirma Bandeira. "Essa dicotomia é que faz o mercado ficar assim receoso", acrescenta o economista do ModalMais.
Apesar da queda do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras (SA:PETR4) subiam 0,43% (PN) e 0,66% (ON) (SA:PETR3) às 10h42, enquanto Vale ON (SA:VALE3) tinha elevação de 2,16%, depois das perdas da véspera e reagindo a recomendação de compra. Além disso, hoje o minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao fechou em alta de 0,56%, a US$ 171,51 a tonelada.