Por Gilles Guillaume e Sarah White
PARIS (Reuters) - A Renault reconheceu que suas ambições globais não eram realistas, anunciando planos para cortar cerca de 15 mil empregos, reduzir a produção e reestruturar as fábricas francesas, enquanto tenta reformular os negócios e tenta se afastar da sombra de Carlos Ghosn.
Diante da queda na demanda exacerbada pela pandemia do coronavírus, a montadora francesa detalhou nesta sexta-feira planos para economizar 2 bilhões de euros em três anos.
"Pensávamos muito grande em termos de vendas", disse Clotilde Delbos, presidente-executiva interina, acrescentando que a empresa estava "voltando às suas bases" depois de investir e gastar muito nos últimos anos.
A Renault estava sob pressão mesmo antes da Covid-19, registrando seu primeiro prejuízo em uma década em 2019, e disse que nada será um "tabu" ao analisar seus negócios.
A empresa planeja reduzir sua capacidade global de produção para 3,3 milhões de veículos em 2024, abaixo dos 4 milhões atuais, concentrando-se no modelos e áreas mais rentáveis, como carros elétricos, enquanto congela a expansão da produção em países como a Romênia.
A Renault, como parceira da Nissan, está voltando atrás no agressivo plano de expansão idealizado por Ghosn, seu ex-chefe que se tornou um fugitivo, procurado por acusações de má conduta financeira em Tóquio. Ghosn nega as acusações.
"A mentalidade mudou completamente. A linha anterior era de volumes e vendas e ser a primeira no pódio", disse Delbos. "Não queremos estar no topo do mundo, o que queremos é uma empresa sustentável e lucrativa".