Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A retomada das operações na Refinaria de Paulínia (Replan), que era aguardada para esta sexta-feira, deverá ocorrer somente na semana que vem, uma vez que depende do atendimento de algumas condições técnicas e de segurança, disse à Reuters o diretor da Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Aurélio Amaral nesta sexta-feira.
Ele havia dito na véspera que a retomada da maior refinaria da Petrobras (SA:PETR4) poderia ocorrer nesta sexta-feira, após uma explosão que paralisou as atividades desde a última segunda-feira. O adiamento na volta da Replan ocorreu em meio a exigências dos petroleiros por mais segurança.
A autarquia ouviu apelos do sindicato dos trabalhadores e se reuniu com representantes da petroleira nesta sexta-feira antes de optar pelo novo prazo para a retomada da refinaria, revelou Amaral.
"A Replan não voltará a operar ainda porque tem algumas pendências técnicas", disse Amaral.
Em nota, a reguladora destacou que comunicou à Petrobras "medida cautelar de interdição" da Replan para garantir a segurança operacional das instalações e evitar novos acidentes, diante da possível retomada da operação das unidades da refinaria que não foram afetadas no acidente.
"Cabe ressaltar que a medida cautelar de interdição não inclui as operações de tancagem e utilidades, desde que não afetadas pelo acidente", afirmou a ANP, em nota.
Em nota divulgada na noite desta sexta, o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP) disse que a retomada da refinaria deve se iniciar na próxima quarta-feira.
“A empresa comunicou ainda que pretende começar o processo de partida operacional da Replan na quarta-feira, dia 29”, informou a entidade em nota.
O adiamento da retomada das atividades, que seria por meio de uma operação da refinaria com metade da capacidade, não atingida pelo incêndio, deu-se após protestos de trabalhadores nesta sexta-feira.
Em uma carta à direção da Replan, a direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo ameaçou promover uma greve caso as reivindicações não fossem atendidas.
Eles apresentaram à Petrobras uma pauta mínima de segurança para a partida da refinaria.
"Informamos também que não aceitaremos pressões da ANP ou de qualquer outra entidade de governo para acelerar a partida da refinaria. Compreendemos as preocupações com o abastecimento do mercado diante da importância de nossa refinaria, no entanto a vida dos trabalhadores, da comunidade local e a integridade da planta são prioridade", afirmou o sindicato.
Foi apresentado também à Petrobras um plano de operação das unidades com a revisão dos procedimentos envolvendo tratamento de águas ácidas para todos setores envolvidos com as mudanças decorrentes do sinistro.
"A expectativa é de que tudo seja atendido já no início da próxima semana, de modo a permitir a desinterdição da instalação e o retorno das operações em condições de segurança aprovadas", prometeu o diretor da ANP.
Na véspera, a Petrobras informou que a Replan estava sendo preparada para uma retomada parcial nos próximos dias, mas não deu uma data.
A unidade deve ser retomada com cerca de 50 por cento da capacidade de produção, que é de 415 mil barris de derivados, segundo a assessoria de imprensa da estatal.
A companhia informou também que a Replan já retomou a entrega de produtos às distribuidoras e que a Petrobras "conta com estoque e produção das demais refinarias para garantir a oferta de combustíveis aos seus clientes".
O incêndio no início da semana atingiu parte de uma das unidades de craqueamento catalítico e uma das unidades de destilação atmosférica, que fazem parte do processo de refino de petróleo.
A Petrobras informou que não estima impactos financeiros relevantes do incidente na Replan, mesmo com os remanejamentos da produção de outras refinarias, reforma das unidades atingidas e eventual importação de derivados, se necessária.
(Por Rodrigo Viga Gaier; reportagem adicional de José Roberto Gomes, em São Paulo)