WASHINGTON (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos John Boehner prometeu que o Congresso irá evitar um "shutdown" (quando são interrompidas atividades não essenciais do governo) nesta semana e que irá agilizar o maior número possível de legislações pendentes antes de deixar o cargo no fim de outubro.
Falando no programa da CBS "Face the Nation", dois dias após sua surpreendente renúncia, Boehner disse que a Câmara nesta semana deverá aprovar uma lei fiscal do governo que também passará pelo Senado, que não cede aos pedidos dos conservadores de cortar financiamento para a organização Planned Parenthood.
Perguntado se a aprovação da lei demandaria votos dos Democratas, ele respondeu: "É claro que sim, mas eu suspeito que meus colegas Democratas querem manter o governo funcionando tanto quanto eu quero."
O Republicano do Estado de Ohio também anunciou que irá convocar uma comissão especial para investigar as práticas de aborto da Planned Parenthood, similar à comissão que examinou os ataques em unidades diplomáticas dos EUA em Benghazi, na Líbia.
Boehner renunciou em meio a rachas profundos entre republicanos da Câmara a respeito de uma série de assuntos, incluindo uma lei que aprova mais financiamentos para as agências federais, a ser votada até 30 de setembro.
Os republicanos mais conservadores, alguns dos quais pediram pela saída Boehner, insistiram em punir a Planned Parenthood através do cancelamento de novos financiamentos, depois que a organização sem fins lucrativos foi acusada de vender indevidamente tecidos retirados de fetos abortados. A instituição nega as acusações.
Boehner atacou grupos conservadores, incluindo o senador Ted Cruz, candidato à presidência pelo Partido Republicano. Ele disse que pessoas como o senador "chicoteiam a população até criar um frenesi" de modo a criar "demandas surreais."
"Eu quero dizer, toda essa ideia de que nós iríamos forçar o governo a parar, para nos livrarmos do Obamacare em 2013... esse plano nunca virou realidade", disse Boehner.
Boehner disse que tentará acabar com a maioria dos assuntos pendentes do Congresso, mas sem citar legislações específicas.
O Congresso tem diversas leis cujos prazos estão se esgotando para votação, incluindo uma lei de gastos no setor de transporte e um acordo por um orçamento mais amplo, a serem votados na próxima semana.
Um aumento no teto do déficit federal também deverá ser necessário em dezembro, e deputados dos dois partidos querem reviver o inativo Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos, que Boehner apoia há muito tempo.
A renúncia do presidente da Casa o livra de colocar leis a serem votadas sob o risco de, mediante grande reprovação, lidar com um movimento pela sua saída.
"Eu espero ter um pouco mais de cooperação para finalizar o maior número possível de votações", disse Boehner. "Eu não quero deixar para meu sucessor um celeiro sujo."
(Por David Lawder; reportagem adicional de Lisa Lambert)