Por Alberto Alerigi
SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil (BVMF:SANB11) espera nos próximos trimestres voltar a crescer no segmento de cartões de crédito, mas a expansão se dará focada na qualidade da carteira, evitando movimentos mais amplos e acelerados no mercado, afirmou o presidente-executivo, Mario Leão, nesta quarta-feira.
"Cartão de crédito perdemos 'share' (participação de mercado), mas era o correto a se fazer. Daqui em diante, podemos estancar a queda e voltarmos com ênfase nos públicos de dentro de casa", afirmou o executivo durante conferência com analistas sobre os resultados do banco no segundo trimestre.
"Sim, a gente quer a cada trimestre inclinar a originação... Buscando crescimento trimestre a trimestre", acrescentou o executivo, citando foco em expansão da margem de clientes.
O Santander divulgou mais cedo lucro líquido de 2,26 bilhões de reais para o segundo trimestre, alta de 5,5% sobre os três meses anteriores, mas recuo de quase 45% sobre o mesmo período de 2022. As units do banco mostravam oscilação negativa de 0,17%, às 14h07, enquanto o Ibovespa tinha baixa de 0,27%.
Segundo Leão, desde que o banco começou uma rearrumação de seu portfólio de crédito no segundo semestre de 2021, a performance das carteiras "está fundamentalmente melhor". Essa avaliação deu confiança ao banco para reverter no segundo trimestre uma provisão adicional de 1,45 bilhão de reais que havia feito nos três primeiros meses do ano "por conservadorismo".
Comentando o foco do banco na qualidade da carteira, Leão afirmou que o Santander Brasil vai "acelerar portfólios mais seguros, incluindo agro, consignado e financiamento de veículos".
Em pequenas e médias empresas, que já representam 12% da carteira de crédito do banco, o Santander Brasil viu um ambiente macroeconômico mais desafiador no primeiro semestre, mas espera um crescimento maior na segunda metade do ano, apoiado nos ajustes realizados anteriormente pelo banco e pelo cenário de juros e câmbio com tendências mais favoráveis, disse Leão.
Questionado sobre o programa de renegociação de dívidas promovido pelo governo federal, Desenrola, o vice-presidente financeiro do Santander Brasil, Gustavo Viviani, afirmou que por ora o efeito tem sido positivo entre os devedores do banco pois tem estimulado uma "propensão maior de renegociar as dívidas". O executivo, porém, afirmou que ainda é cedo para se estimar o impacto do programa.
Na segunda-feira, o programa Desenrola completou uma semana de funcionamento com 500 milhões de reais em dívidas renegociadas e 2 milhões de registros desnegativados, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
As renegociações são feitas diretamente entre clientes com renda mensal de até 20 mil reais e bancos, que recebem um benefício fiscal como forma de incentivo. Não há limite de valor para as dívidas.
E na frente de alta renda, o Santander Brasil tem focado no programa "Select", tendo como meta alcançar 1 milhão de clientes, disse Leão, o que exigirá que o banco aumente a equipe de atendimento do segmento em "algumas centenas de especialistas ao redor do Brasil".