Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - O Santander Brasil (BVMF:SANB11) deve continuar nos próximos trimestres com uma postura conservadora na expansão de sua carteira de crédito, em meio aos esforços do banco para ganhar rentabilidade e diante dos sinais de piora do ambiente macroeconômico do país, afirmou o presidente-executivo, Mario Leão, nesta terça-feira.
"Podemos esperar que dada essa gestão clínica de alocação de capital... provavelmente na prática vou ter um 'mid single digit' (em torno de 5%) do que um 'high single digit' (entre 7% e 9%) como o mercado provavelmente vai crescer", disse o executivo em conferência com analistas após a publicação mais cedo do resultado do terceiro trimestre do banco.
No período, a carteira de crédito ampliada do Santander Brasil cresceu 6% sobre um ano antes.
As units do Santander Brasil exibiam queda de 2,1% às 13h29, enquanto o Ibovespa tinha recuo de 0,1%.
Segundo o presidente do Santander Brasil, "o mercado deteriorou, já está antecipando deterioração da inflação, de juros e de tudo o que vem junto com isso. Não acredito em crescimento em modo sprint, mas em modo maratona", afirmou referindo-se à carteira de crédito.
Leão citou que o Santander Brasil, que segue estratégia de elevar retornos com comissões, preços e oportunidades de venda cruzada de produtos aos clientes do banco, não vai crescer ou vai até reduzir a carteira de consignado INSS enquanto nos negócios da financeira, marcada por empréstimos para aquisição de veículos, o banco "não tem vontade nenhuma" de desacelerar.
Já no portfólio voltado a grandes empresas, o banco vai continuar sendo "seletivo", afirmou o executivo. "Quando a concorrência ficar um pouco mais saudável vou estar mais leve para expandir de novo", disse Leão.
No terceiro trimestre, a carteira de crédito do Santander Brasil no segmento grandes empresas retraiu 4,3% ante o mesmo período de 2023 e recuou 6,6% ante o segundo trimestre deste ano. Na pequena e média empresa, houve expansão de quase 13% na carteira de crédito do banco no país.
"Continuo voltado a crescer em massivos (baixa renda e pequenas e médias empresas), mas com produtos que trazem mais principalidade e 'funding' barato", disse o presidente do banco.
Analistas do BB Investimentos afirmaram em relatório a clientes que "apesar das incertezas à frente, por conta da consistente sequência de avanços (dos resultados do Santander Brasil), vemos confiança para retirar a qualificação de compra de alto risco".
Segundo os analistas do BB (BVMF:BBAS3), o foco do Santander Brasil em segmentos como o financiamento de veículos e pequenas e médias empresas "não é à toa: representam segmentos em que os 'neobanks' ou não atuam ainda, ou devem mostrar maior dificuldade de penetrar. O plano parece estar em andamento, mas o ambiente macro deve impor seus desafios, tornando o florescimento desta nova fase um tanto mais penoso".
(Por Alberto Alerigi Jr.)