Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - Representantes do setor de ensino superior privado solicitaram audiência com a equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro para apresentar propostas para resgatar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), após o programa ter tido neste ano o pior resultado desde 2010.
“Estamos com proposta analisada e estudada para futuro governo e, apesar de céticos ainda, estamos otimistas”, afirmou a jornalistas o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Janguiê Diniz, acrescentando que a equipe de transição de Jair Bolsonaro sinalizou agenda para primeira quinzena de dezembro.
Entre as sugestões, a entidade destaca que o governo federal deveria voltar a financiar 100 por cento do valor do curso, e não 50 por cento como ocorre atualmente. Em contrapartida, às instituições de ensino concederiam descontos de 20 a 30 por cento em cima da mensalidade, enquanto o aluno já iniciaria a amortização logo no início do contrato, contribuindo com uma pequena taxa todo mês.
“Isso retroalimentaria o sistema, reduzindo o juro e o prazo do contrato... O principal gargalo do Fies é o não financiamento de 100 por cento do curso, com o aluno tendo que arcar com a diferença”, afirmou o diretor-executivo da Abmes, Solón Caldas.
Em 2018, foram ofertadas 310 mil vagas, das quais 100 mil a juro zero, mas apenas pouco mais de 81 mil foram preenchidas, informou a Abmes, citando dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
“Foi o maior fracasso do Fies desde a criação em 2010”, comentou Diniz. De acordo com ele, a Abmes também defende a inclusão da modalidade EAD no programa de financiamento, tendo em vista o valor mais baixo desses cursos.