Por Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) - O Softbank (TYO:9984) espera que as saídas de seus investimentos em startups latino-americanas se intensifiquem a partir de 2025, à medida que as perspectivas da região melhoram, disse Alex Szapiro, chefe e sócio-gerente da empresa no Brasil, à Reuters nesta terça-feira.
A saída do Softbank da fintech brasileira Pismo, que foi adquirida pela Visa em um negócio de 1 bilhão de dólares em junho, provavelmente será a primeira de um ciclo de desinvestimentos na região, disse Szapiro em entrevista nos escritórios do Softbank em São Paulo.
"Estamos tendo muitas conversas interessantes, que eventualmente vão se tornar saídas em 2025, 2026", acrescentou, destacando sua perspectiva econômica otimista para a América Latina.
"Se a gente olha de uma maneira geopolítica, tem coisas muito boas acontecendo para a região", disse ele citando "nearshoring" no México, valorização das moedas, ambiente político mais estável e um ciclo de cortes de juros liderados por Chile e Brasil.
O "nearshoring" é uma tendência de empresas transferindo a produção para mais perto do mercado dos Estados Unidos e de seus consumidores -- especificamente para o México -- e para longe da Ásia, com o objetivo de minimizar problemas com fornecimento.
"Todos esses componentes macro vão ser muito positivos, acho que vai ter um alinhamento dos planetas para basicamente o mercado de capitais ser mais agressivo do que a gente imagina hoje", disse Szapiro.
Após a saída da Pismo, o Softbank ainda mantém 91 startups latino-americanas em sua carteira, com um valor justo marcado em 6 bilhões de dólares. No entanto, o ritmo de novos investimentos tem diminuído acentuadamente desde 2021, uma vez que os juros aumentaram e os investidores se tornaram mais seletivos.
Diversas startups da região, incluindo algumas investidas do Softbank, demitiram funcionários e reestruturaram operações em meio a um ambiente de inflação mais alta e capital mais escasso.
Para Szapiro, as startups brasileiras já superaram em grande parte esses ajustes, e as empresas estão agora buscando acelerar novamente seus principais negócios.
Sobre os próximos investimentos do conglomerado japonês na América Latina, ele disse que espera alocar cerca de 70% do capital em financiamento adicional para empresas já na carteira, com o restante direcionado para novas companhias.
(Reportagem de Peter Frontini)