Por Gabriel Codas
Investing.com - Na parte da manhã desta sexta-feira as ações da Suzano (SA:SUZB3) operam com perdas na B3. A companha anunciou na noite de ontem que teve prejuízo líquido de R$ 13,4 bilhões no primeiro trimestre, afetada pelo forte impacto da desvalorização do real contra o dólar na dívida em moeda estrangeira do grupo. O consenso dos analistas de mercado era lucro líquido de R$ 998 milhões
Por volta das 11h29, os ativos perdiam 3,64% a R$ 46,81. O Ibovespa hoje apresenta volatilidade na primeira hora de negócios, se alternando entre alta e baixa. O principal índice acionário brasileiro tinha queda de 0,11% a 78.927 pontos no momento da escrita, com mínima em 78.544 pontos e máxima em 79.538 pontos.
Visão dos analistas
Para a XP Investimentos, a Suzano reportou resultados operacionais acima do esperado no primeiro trimestre, com EBITDA de R$3,0 bilhões, 20% e 22% acima da estimativa e do consenso, respectivamente (+23% T/T, +10% A/A). Os principais destaques foram: volumes mais altos de celulose seguindo o movimento de desestocagem da Suzano e demanda saudável de tissue (papeis sanitários em geral) e preços realizados mais fortes (+7% T/T) devido a um dólar mais alto.
A corretora espera uma reação neutra no preço das ações, dado o recente rali (+21% em maio) já precificando os números operacionais mais fortes, mantendo a recomendação de Compra;
Do lado negativo, a alavancagem continua sendo uma preocupação: a Dívida Líquida/EBITDA atingiu 6,0x, versus 5,0x no 4T, também impactada pela depreciação do real. Em dólar, a Dívida Líquida/EBITDA diminuiu para 4,8x (de 4,9x no quarto trimestre).
O UBS também destacou que o EBITDA da Suzano ficou 16% acima do consenso. O ritmo de EBITDA foi impulsionado por fortes embarques de celulose a 2,9Mt, vs. consenso 2,5Mt (UBSe).
A produção de celulose atingiu 2,3Mt no 1T20, ainda abaixo da taxa de execução da capacidade instalada de 10,9Mtpa. Os analistas estimam que os estoques de celulose da Suzano agora atinjam 1,6Mt, o mesmo nível do 3T18, antes do início do recente ciclo de acumulação de estoques.
O custo caixa de celulose (ex-parada) caiu 6% q/q em 9% menor custo de madeira e maior diluição de custo fixo. A dívida líquida/EBITDA em US$ atingiu 4,8x, abaixo dos 4,9x no 4T19, devido ao aumento de LTM EBITDA e FCF de R$ 613 milhões.
Dados do balanço
A linha de variação cambial da Suzano foi negativa em 12,4 bilhões de reais em meio à valorização de 29% do dólar ante o real do período. A companhia frisou que o impacto sobre o resultado terá “efeito caixa somente nos respectivos vencimentos” da dívida de empresa.
Além disso, a empresa apurou resultado de operações com derivativos negativo de cerca de 9 bilhões de reais, também afetado pelo câmbio.
O efeito das duas linhas acabou por minimizar o crescimento de 10% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, que somou 3,03 bilhões de reais. Analistas, em média, esperavam Ebitda de 2,45 bilhões para a Suzano, segundo dados da Refinitiv.
A Suzano também anunciou nesta quinta-feira leve redução na projeção de investimento em 2020, que passou de 4,4 bilhões de reais, para 4,2 bilhões. O corte ocorreu diante de uma menor previsão de gastos em manutenção, “devido a ações na gestão de pagamentos de projetos e postergações de paradas programadas de manutenção”.
O custo caixa de produção de celulose, excluindo o efeito de paradas programadas, teve nova queda, ficando em 596 reais por tonelada, baixa de 6% ante dezembro e recuo de 11% sobre o primeiro trimestre do ano passado.
A receita líquida avançou 22%, para 6,98 bilhões de reais, crescendo menos que as vendas em volume em meio à queda de 34% do preço da celulose em relação ao primeiro trimestre do ano passado.