Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em leve baixa ante os ajustes da véspera, em sintonia com o recuo contido dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após dados de inflação nos EUA dentro do esperado reforçarem a perspectiva de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Como em sessões anteriores, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para 2025 pouco variou, com a curva a termo mantendo a precificação de alta da taxa básica Selic em setembro.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,75%, ante 10,748% do ajuste anterior.
Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,4%, ante 11,429% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,345%, ante 11,366%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,4%, ante 11,425%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,39%, ante 11,416%.
Bastante aguardado pelo mercado, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA aumentou 0,2% no mês passado, depois de cair 0,1% em junho. Nos 12 meses até julho, o índice aumentou 2,9%, após avanço de 3,0% em junho, conforme o Departamento do Trabalho.
Economistas consultados pela Reuters previram que o CPI aumentaria 0,2% no mês e 3,0% no comparativo anual.
“O dado veio em linha com as expectativas, e não veio com deflação, o que ajuda a esvaziar a expectativa de recessão nos Estados Unidos”, comentou Santiago Schmitt, especialista em renda fixa da Manchester Investimentos. “Este dado ajudou a aumentar apostas de 25 pontos-base de corte de juros nos EUA em setembro”, acrescentou.
No Brasil, isso se traduziu em um viés de baixa para as taxas dos DIs, em especial entre os contratos com prazos mais longos. Às 12h01, a taxa do DI para janeiro de 2033 marcou a mínima de 11,32%, em queda de 10 pontos-base ante o ajuste da véspera.
Durante a tarde, porém, as taxas perderam parte da força e se reaproximaram da estabilidade em boa parte dos vencimentos.
Na ponta mais curta, as taxas mais uma vez pouco variaram, com investidores mantendo as apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevará a Selic em setembro, após falas de teor hawkish (duro com a inflação) de algumas autoridades.
“O (diretor de Política Monetária do BC, Gabriel) Galípolo reforçou recentemente que os diretores seriam técnicos e, caso seja preciso, subiriam os juros. Esta fala ajudou na estabilidade do janeiro 2025 e até do janeiro 2026”, avaliou Schmitt. “Com isso os (prêmios dos) DIs longos também acabam caindo”, acrescentou, ao justificar a relativa estabilidade das taxas mais curtas nas últimas sessões.
De fato, na semana passada Galípolo afirmou que toda a diretoria do BC está disposta a fazer o que for necessário para perseguir a meta de inflação, de 3%. Na última segunda-feira, Galípolo disse que uma possível alta da Selic “está na mesa” do Copom.
Na noite de terça-feira foi a vez de o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, reforçar que existe um desconforto na instituição com a desancoragem de expectativas. “A gente tem que atuar para combater isso”, afirmou.
Perto do fechamento desta quarta-feira a curva a termo brasileira precificava 75% de probabilidade de alta de 25 pontos-base da Selic no próximo encontro do Copom, em setembro. A probabilidade de manutenção em 10,50% ao ano estava em 25%. Na véspera os percentuais eram de 82% e 18%, respectivamente.
No Brasil, destaque ainda para os dados de vendas do varejo em junho, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi de 1% na comparação com o mês anterior, em dado livre de efeitos sazonais. Frente a junho do ano passado, as vendas cresceram 4%.
O desempenho veio abaixo do estimado por economistas em pesquisa da Reuters, de baixa de 0,20% na comparação mensal e avanço de 5,50% sobre um ano antes. O IBGE ainda revisou a alta de maio para um crescimento de 0,9%, ante 1,2% informado há um mês.
No exterior, às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 2 pontos-base, a 3,83%.