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Taxas dos DIs disparam após inflação dos EUA apontar para corte de juros após junho

Publicado 10.04.2024, 17:02
Atualizado 10.04.2024, 17:06
© Reuters. Moedas de R$1
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos
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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs dispararam nesta quarta-feira, com a curva de juros brasileira refletindo apostas de que o Banco Central será menos flexível com a política monetária a partir de junho, após dados ruins de inflação nos EUA sugerirem que o Federal Reserve adiará para julho ou depois disso o início dos cortes de sua taxa básica.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,03%, ante 9,941% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,16%, ante 9,99% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,485%, ante 10,307%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,82%, ante 10,632%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,3%, ante 11,125%.

Em uma manhã de agenda carregada, a inflação brasileira foi divulgada às 9h, enquanto inflação norte-americana saiu às 9h30, mudando completamente o ambiente de negócios.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em março, o que representa uma forte desaceleração ante a alta de 0,83% em fevereiro. Economistas ouvidos pela Reuters esperavam avanço de 0,25% no mês.

Além do índice cheio favorável, o IPCA revelou queda nas medidas de núcleos, difusão e serviços -- ainda que no caso de serviços intensivos em mão de obra os números continuem preocupando.

O resultado do IPCA manteve uma volatilidade limitada entre as taxas dos DIs, com investidores à espera do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, divulgado meia hora depois. Quando os dados norte-americanos saíram, as taxas dispararam no exterior e no Brasil.

O Departamento do Trabalho informou que o CPI aumentou 0,4% em março, depois de avançar pela mesma margem em fevereiro. Nos 12 meses até março, o índice aumentou 3,5%, após alta de 3,2% em fevereiro. Os resultados foram piores que os esperados pelos economistas consultados pela Reuters, que previam alta de 0,3% no mês e de 3,4% na base anual.

“Foram 30 minutos de alegria com o IPCA, até a divulgação do CPI”, resumiu Lais Costa, analista da Empiricus Research, ao avaliar a disparada nas taxas futuras brasileiras.

Por trás do movimento estava a percepção de que, com a inflação elevada nos EUA, o Fed não cortará juros em maio ou em junho, o que também limita o espaço para o Banco Central do Brasil reduzir a taxa básica Selic novamente em 50 pontos-base em junho. A Selic está atualmente em 10,75% ao ano.

“Em uma de suas últimas falas, o (presidente do BC, Roberto) Campos Neto, havia dado muito peso ao número do CPI”, pontuou Costa. Assim, com o resultado desta quarta-feira, segundo ela, a Empiricus Research deixará de projetar corte de 50 pontos-bases da taxa básica Selic em junho.

“E isso faz com que você limite um pouco também a Selic terminal, porque não é razoável esperar que o BC desacelere o corte e depois reacelere. Os economistas que estão abaixo de 9% (nas projeções para a Selic terminal) vão ser obrigados a revisar para cima”, acrescentou.

A curva de juros brasileira refletiu durante a sessão as mudanças de expectativas. No pior momento do dia, às 14h47, a taxa do DI para janeiro de 2027 chegou a subir quase 19 pontos-base, para 10,495%.

Isso ocorreu apesar de, durante a tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmar que a mudança de perspectiva nos EUA não tem efeito mecânico sobre a política monetária no Brasil.

"As circunstâncias externas, dado que o grande padrão de liquidez mundial está baseado no que acontece com a taxa de juros norte-americana... eu diria que em termos de taxa de juro americana, mudou", disse Campos Neto. "Agora, eu não posso dizer que mecanicamente vai afetar aqui (o Brasil)", afirmou, acrescentando que hoje não é possível dizer que o cenário para a política monetária brasileira mudou.

Nos EUA, conforme a ferramenta CME FedWatch, durante a tarde os Fed Funds precificavam apenas 3,7% de chances de corte de juros nos EUA em maio; 17% de probabilidade de corte em junho; e 41% em julho. Apenas as apostas de corte para a reunião de setembro são majoritárias (65,8%).

“Continuamos acreditando que os cortes de juros não se iniciarão em junho deste ano e devem ter suas apostas ajustadas para setembro, isto somente se os dados econômicos sinalizarem claramente uma convergência saudável para meta”, afirmaram os economistas da Guide Investimentos, em análise sobre o CPI enviada a clientes.

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“Neste novo cenário base, o Federal Funds Rate cai apenas duas vezes, encerrando o ano entre a banda de 4,75% e 5,00%. Caso contrário, temos como cenário pessimista a materialização de nenhum (corte de juros) até o final deste ano.”

No Brasil, perto do fechamento desta quarta-feira a curva a termo precificava 85% de chances de o corte da taxa básica Selic em maio ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o BC. As apostas em corte de apenas 25 pontos-base estão em 15%. No caso de junho, a curva precificava corte de 23 pontos-base, o que indica apostas majoritárias de que o ritmo de redução da Selic deve de fato diminuir.

Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 18 pontos-base, a 4,55%.

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