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Taxas futuras de juros caem no Brasil em sintonia com os Treasuries

Publicado 18.07.2023, 17:03
© Reuters. Moedas de R$1
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos
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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a terça-feira em baixa, puxadas pelo recuo dos rendimentos dos Treasuries, na esteira da divulgação de novos dados econômicos nos EUA, com investidores no Brasil elevando as apostas de que o primeiro corte da Selic poderá ser de 0,50 ponto percentual.

Com o Congresso em recesso e a agenda de indicadores esvaziada no Brasil, os investidores se voltaram para o exterior em busca de um norte para as operações. Isso foi dado pelo recuo dos rendimentos dos Treasuries de prazos médios e longos.

O movimento ocorreu em reação aos dados de vendas do varejo dos EUA, que subiram menos que o esperado em junho, embora os gastos do consumidor pareçam sólidos.

O Departamento de Comércio informou que as vendas no varejo aumentaram 0,2% no mês passado, enquanto economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,5%. Os dados de maio foram revisados para mostrar que as vendas aumentaram 0,5%, em vez dos 0,3% relatados anteriormente.

Além dos dados do varejo, um profissional da área de renda fixa ouvido pela Reuters pontuou que aparentemente os investidores seguiram reduzindo, na curva norte-americana, a probabilidade de o Federal Reserve promover dois aumentos de juros ainda este ano.

Segundo ele, o movimento também influenciou a curva a termo brasileira, em que a queda das taxas se traduziu na elevação das apostas de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderá iniciar o processo de redução da taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano, com um corte de 0,50 ponto percentual.

Perto do fechamento desta segunda-feira a precificação na curva era de 41% de chances de corte de 0,50 ponto percentual da Selic em agosto e de 59% de probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual. Na sexta-feira passada, perto do fechamento, estes percentuais eram de 24% e 76%, respectivamente.

Embora a curva brasileira tenha indicado em alguns momentos chances divididas para o Copom de agosto, economistas do mercado vêm mantendo a projeção de corte inicial de 0,25 ponto percentual, considerando a comunicação mais recente do BC.

O cenário tende a se definir melhor, no entanto, a partir da semana que vem, com a divulgação do IPCA-15 de julho, no dia 25, e o resultado da reunião de política monetária do Fed, no dia 26.

Em entrevista publicada nesta terça-feira no jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o atual nível da Selic. Para ele, o ciclo de baixa da Selic já deveria ter começado.

“Será que se o governo Bolsonaro tivesse sido reeleito, o tratamento seria esse? É uma pergunta que boa parte da classe política faz hoje”, disse Haddad ao jornal.

De certo modo, a queda das taxas de juros e a precificação de corte de 0,50 ponto também refletem a visão de que, em meio à pressão do governo, o BC pode de fato ser levado a cortar a Selic em meio ponto em agosto.

Em relatório enviado a clientes, o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, afirmou que a curva brasileira passa por um processo de consolidação.

© Reuters. Moedas de R$1
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos

“Juros futuros caem novamente. Os contratos se consolidam, mas estão abaixo da taxa do dia 29 de junho, dia da reunião do CMN que manteve o regime de metas de inflação. Ou seja, a alta recente foi bem leve e observamos consolidação do recente e forte movimento de queda”, disse.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,76%, ante 12,795% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,74%, ante 10,799% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,14%, ante 10,229% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,155%, ante 10,251%.No exterior, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos se mantinham em baixa.

Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 0,40 ponto-base, a 3,7931%.

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