Taxas sobem com leitura negativa do IPCA e payroll forte nos EUA

Publicado 10.01.2025, 15:59
Atualizado 10.01.2025, 19:10
© Reuters.  Taxas sobem com leitura negativa do IPCA e payroll forte nos EUA
USD/BRL
-
US10YT=X
-
USDIDX
-

Os juros futuros fecharam a sessão em alta, contrariando a tônica de alívio nos prêmios que prevaleceu durante a semana. O combo payroll + IPCA reforçou as preocupações com o cenário inflacionário e de juros tanto aqui quanto nos EUA, atraindo posições defensivas antes do fim de semana. Assim, as taxas curtas e intermediárias terminaram a semana nos perto dos níveis da sexta-feira passada (3), mas as longas avançaram.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 terminou a 15,09%, de 14,95% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 15,29% para 15,46%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa a 15,40%, de 15,12%.

A abertura foi pautada pelo IPCA de dezembro (0,52%) que, embora praticamente em linha com a mediana das estimativas (0,53%), trouxe leitura negativa dos preços de abertura, como núcleos, serviços e índice de difusão. A inflação fechou 2024 em 4,83%, estourando em mais de 30 pontos-base o teto da meta de 4,5%.

Um dos itens mais comentados foi a influência da pressão do câmbio em preços como por exemplo os industriais, e que deve se exacerbar nos próximos meses, considerando que há repasse cambial para entrar na inflação. Mal o mercado digeria o IPCA, veio a "pancada" do payroll, com criação de 265 mil vagas em dezembro, mais de 100 mil acima das 150 mil previstas, ainda com inesperada queda na taxa de desemprego, mas com salários subindo um pouco menos do que o esperado. O quadro das apostas para juro nos EUA ficou mais conservador, com a expectativa de manutenção nas reuniões até maio se consolidando como majoritária. As taxas dos Treasuries dispararam. A da T-Note de dez anos subia a 4,76% no fim da tarde.

Para a economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, o mercado de juros recebeu o IPCA e o payroll numa conjuntura já negativa vinda de 2024. "Esta semana entramos na primeira semana útil de 2025 com todos os indicadores mais importantes. E o mercado começa agora a, de fato, a colocar um sentido para a curva, de abertura, carregando praticamente a mesma pauta de 2024", afirmou a economista, que trabalha tendência altista para as taxas domésticas.

A perspectiva conservadora para a curva local vem tanto do "risco Trump", com efeito sobretudo via câmbio, quanto das questões internas, pela baixa probabilidade de um ajuste fiscal crível. Nos EUA, a promessa do presidente eleito Donald Trump de restrição à imigração, se concretizada, deve apertar as condições de mão de obra, o que, somado às ameaças de tarifaço, "pioram o qualitativo da inflação", diz a economista, que prevê dólar e juros dos Treasuries mais fortes. "Consequentemente a gente vai sofrer. Não só na curva, mas com a depreciação do real", diz.

No Brasil, é baixa a expectativa de melhora fiscal, na ausência de sinalização de novas medidas de corte de despesas e com o governo aparentemente colocando fichas só pelo lado das receitas. "Estão apostando bastante na arrecadação, mas já chegamos num limite. Precisam atacar os gastos e as reformas estruturais", afirma Ariane.

Embora o resultado do IPCA não tenha agradado, o mercado considera que não haverá mudanças no plano de voo do Banco Central, que já contratou duas altas adicionais de 1 ponto porcentual na Selic. De todo modo, a precificação da curva de juros, que durante a semana chegou a ceder abaixo de 16%, voltou a piorar, apontando Selic em 16,25% em dezembro.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.