Os juros futuros fecharam em queda até os vértices intermediários, enquanto as taxas longas terminaram o dia perto da estabilidade. A expectativa de que Executivo e Legislativo entrem em consenso sobre a retomada do auxílio emergencial sem ferir a responsabilidade fiscal trouxe alívio à curva de juros no período da tarde. Na primeira parte do dia, prevaleceu o tombo das vendas do varejo, que enfraqueceu ainda mais as apostas de alta da Selic, pressionando os longos, afetados também pelas preocupações fiscais. Na segunda metade, declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrando confiança no bom senso dos parlamentares se somaram às do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), dadas durante live nesta quarta, segundo as quais as contrapartidas pedidas pela equipe econômica para resgatar o auxílio seriam razoáveis.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 4,86% (regular) e 4,885% (estendida), de 4,992% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou a regular em 6,39% e a estendida em 6,41% (6,465% ontem). O DI para janeiro de 2022 terminou com taxa de 3,36% (regular) e 3,375% (estendida), de 3,412% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 7,114% para 7,09% (regular)e 7,10% (estendida).
As que mais caíram foram as do miolo, onde estão as grandes posições do mercado e que são influenciadas em parte pela expectativa para o próximo ciclo da Selic e em parte pelas atuais decisões de política fiscal. A queda inesperada de 6,1% em dezembro ante novembro das vendas do varejo - quando a estimativa mais pessimista era retração de 3,20% - reforçou a importância do auxílio emergencial para a economia, pois dezembro foi o último mês do pagamento e já com valor mais baixo. Porém, dado o imbróglio em torno das fontes de financiamento do programa, os vencimentos longos subiram pela manhã.
"A pressão para a volta de algum programa emergencial de transferência de renda vai se tornar insuportável. Melhor seria uma mudança minimamente organizada, a partir de uma postura crível do governo, ou melhor, do Ministério da Economia", afirma o Banco Fator, em relatório assinado pelo economista-chefe José Francisco Lima Gonçalves.
À tarde, o mercado gostou da postura de Guedes após reunião com a presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Flávia Arruda (PL-DF), e o relator do Orçamento de 2021, Marcio Bittar (MDB-AC). "Se estamos em guerra com o vírus, temos de arcar com essa guerra e não simplesmente empurrar irresponsavelmente esses custos para as gerações futuras", disse. Já o presidente Jair Bolsonaro, em agenda com prefeitos, afirmou que o governo não tem "dinheiro no cofre" para bancar a retomada do benefício, o que deve afetar o endividamento do País. Por fim, em live realizada pela CM Capital, participantes teriam ouvido do vice-presidente da Câmara "que as medidas fiscais que a Economia pede em contrapartida do novo auxílio são bastante razoáveis". "Esse cenário de 'seguem as conversas' parece estar sendo positivo para o mercado", disse um gestor.