Por Agnieszka Flak
MILÃO (Reuters) - As tensões entre os dois principais acionistas da Telecom Italia ressurgiram nesta sexta-feira, depois que o grupo controlador da TIM no Brasil alertou sobre um declínio no lucro de 2018 e disse que seus negócios na Itália continuarão sob pressão em 2019.
A Telecom Italia alertou na noite de quinta-feira que espera divulgar lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 2018 de cerca 8 bilhões de euros. O número representa uma queda de menos de 5 por cento, apesar de melhorias no desempenho da TIM.
A companhia italiana está desde o ano passado no meio de uma batalha entre os acionistas Vivendi (PA:VIV) e o fundo ativista Elliott sobre os planos de recuperação dos negócios da empresa que acumula dívida de 25 bilhões de euros. A Vivendi tem 24 por cento da Telecom Italia e voltou a criticar o Elliott pelos fracos resultados da Telecom Italia.
"Estamos muito, muito nervosos porque houve muito tempo perdido desde que o Elliott assumiu controle... Estamos preocupados que não há um plano em ação e eles estão colocando a culpa na gestão anterior", disse um porta-voz do grupo francês de mídia.
O Elliott, que assumiu controle do conselho de administração da Telecom Italia em maio, não comentou o assunto.
Às 9h21 (horário de Brasília), as ações da Telecom Italia exibiam baixa de 7,6 por cento, enquanto o índice da bolsa de Milão mostrava valorização de 0,75 por cento.
Os dois grupos vão se enfrentar em 29 de março, quando acionistas terão que votar o pedido da Vivendi para substituição dos cinco diretores indicados pelo Elliott.
Analistas disseram que a previsão da Telecom Italia indica uma acentuada deterioração dos negócios da empresa na Itália no último trimestre, de até 10 por cento, bem acima do esperado.
Em março do ano passado, o ex-presidente executivo Amos Genish, que foi tirado do posto de maneira abrupta em novembro, tinha previsto crescimento de um dígito baixo no Ebitda doméstico da Telecom Italia entre os anos de 2017 e 2020.
O novo presidente-executivo, Luigi Gubitosi, "está jogando na pia da cozinha o plano de seu predecessor de crescer o Ebitda doméstico", escreveram analistas da Bernstein.
"O cenário opaco para 2019 sugere que as notícias ruins continuarão vindo enquanto a companhia parece estar à deriva em águas turbulentas", acrescentaram os analistas da Bernstein.