O temor de contágio da falência do Silicon Valley Bank (SVB) deixa os mercados do ocidente em alerta. Neste ambiente, o Ibovespa cai, mas já cedeu bem mais. Na mínima intradia cedeu 1,32%, indo aos 102.254,72 pontos. Depois, até testou alta de 0,05%, com máxima aos 103.673,96 pontos, em meio à atuação forte e rápida das autoridades nos EUA para conter um espalhamento da quebra do SVB para outras instituições. Além disso, internamente há expectativa positiva quanto às novas regras fiscais, que podem ser apresentadas esta semana.
Em evento mais cedo, ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que texto do arcabouço fiscal está pronto e que logo será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dará a palavra final.
"A partir desse arcabouço e da reação do chefe do Executivo, o mercado poderá reagir bem. Mais cedo, a Bolsa caiu mais de 1% em meio às notícias sobre o SVB, mas depois reduziu a queda por conta da expectativa de apresentação das novas regras fiscais, do exterior. Tudo isso amenizou um pouco. Isso arcabouço pode ser um termômetro importante para balizar as projeções de início de queda da Selic", avalia André Damasio de Mello, head de renda variável na WIT Invest.
O economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, reforça que a expectativa pelo arcabouço gera uma estimativa positiva no mercado. A questão, diz, é como será o texto e o que sobrará quando for para votação no Congresso. "Se o governo quer mesmo ver os juros começando a cair, precisa apresentar algo que permita ajuste fiscal, que tenha controle de gastos. Tem de apresentar algum mecanismo, alguma limitação deve vir", afirma.
Além dessa espera, o exterior também dá alívio, no caso as bolsas americanas, que têm quedas moderadas, enquanto as europeias ainda têm perdas fortes, na esteira no caso do SVB.
Em Wall Street, a visão é de que, em meio à falência do banco, o Federal Reserve seja menos agressivo com os juros na semana que vem, ou seja, que eleve a taxa em 0,25 ponto porcentual e não em meio ponto.
A rápida ação do Fed e da afirmação de solidez do segmento por outras autoridades monetárias ajudam. O dado mais aguardado da semana é o CPI, índice de inflação ao consumidor dos EUA, que sai amanhã, e servirá para balizar as projeções para os juros norte-americanos.
"Antes, muitos imaginavam que os juros nos Estados Unidos poderia chegar a 6%, mas com essa situação SVB, isso perdeu força. Pode ser que atinjam algo mais perto de 5%", avalia a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "E hoje vemos queda dos juros americanos Treasuries, que bate aqui juros futuros, dando espaço para alta de alguns setores", acrescenta Camila. Entre as maiores altas do Ibovespa estavam Via ON (BVMF:VIIA3), com 12,09%, e Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) ON, com quase 8%.
Na sexta-feira, o Ibovespa caiu 1,38%, aos 103.618,20 pontos, seguindo Nova York, onde houve retração de até 1,76% (Nasdaq), pressionada pelo setor bancário em meio à falência do SVB.
Ontem à noite, o Fed e outros reguladores americanos garantiram que clientes do falido SVB terão acesso integral a seus depósitos. Além disso, o Fed anunciou um programa de emergência para evitar que a quebra do SVB, a maior nos EUA desde 2008, se transforme numa crise sistêmica.
Já o petróleo, que chegou a despencar cerca de 5% no exterior, diminuía a queda para cerca de 1% perto de 11h30, com as ações da Petrobrás reduzindo o recuo para algo entre 1,40% (PN) e 1,80% (ON). Já Vale ON (BVMF:VALE3) subia 0,58%, com a elevação de 0,49% em Dalian, na China. Entre os grandes bancos, também havia alivio da queda, sendo a maior de 1,84% (Unit de Santander (BVMF:SANB11)).
Às 11h52, o Ibovespa caía 0,13%, aos 103.486,77 pontos.