RIO DE JANEIRO (Reuters) - Dois testes de formação realizados no poço Carcará Norte, no prospecto de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, "comprovaram alta produtividade dos reservatórios", afirmou nesta terça-feira a Petrobras (SA:PETR4), operadora da área.
"Estima-se que o potencial de produção do poço seja equivalente aos resultados alcançados pelos melhores poços produtores do pré-sal da Bacia de Santos", afirmou a Petrobras, ressaltando que o óleo encontrado na área tem 31 graus API e não tem contaminantes como H₂S ou CO2.
Quanto maior o grau da escala API, mais leve e valioso é o petróleo; o grau API médio no Brasil em outubro foi de 25 graus.
Segundo a Petrobras, os resultados das análises de fluidos e de pressão obtidos a partir dos testes de formação do Carcará Norte e dos outros dois poços já perfurados na área (descobridor e Carcará Nordeste) indicam tratar-se de um único reservatório.
A Petrobras é operadora do consórcio, com fatia de 66 por cento, em parceria com a Petrogal Brasil, com 14 por cento, Barra Energia, com 10 por cento, e Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP (SA:QGEP3)), com 10 por cento.
A Barra Energia, controlada pelos fundos de private equity First Reserve e Riverstone Holdings, disse em nota que não foi encontrado, em nenhum dos três poços perfurados em Carcará, o contato óleo/água, o que considera um fato "positivo e relevante", que confirma uma "significativa" e ainda maior coluna de óleo do que aquelas observadas nos três poços.
O diretor-executivo da Barra Energia, Renato Bertani, destacou na nota que há um potencial de reservas adicionais no bloco BM-S-8, onde está Carcará, já que outro prospecto geologicamente similar chamado Guanxuma foi mapeado e deverá ser perfurado dentro do programa de avaliação da área.
O Plano de Avaliação de Descoberta (PAD) de Carcará, aprovado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), tem término previsto para março de 2018.
VENDA DE FATIA?
Em entrevista recente, o presidente da QGEP, Lincoln Guardado, afirmou que o início da produção na área em que a companhia é sócia está previsto atualmente para entre 2020 e 2021.
Originalmente, o primeiro óleo de Carcará estava marcado para 2018, mas foi adiado pela Petrobras, em meio aos baixos preços do petróleo e pela crise em função do escândalo de corrupção que envolveu contratos da petroleira estatal.
Guardado comentou ainda que Carcará está entre os ativos em que a Petrobras --com necessidade de recursos para fazer frente à enorme dívida-- poderá vender participação.
A Petrobras nunca se pronunciou sobre a eventual venda de participação em Carcará.
(Por Marta Nogueira)