Por Josh Horwitz
XANGAI (Reuters) - Uma campanha convocando trabalhadores de empresas chinesas de tecnologia a registrar suas horas de trabalho numa página pública da internet viralizou, na mais recente reação contra a cultura de horas extras.
Organizada por quatro criadores anônimos que se descrevem como recém-formados, a campanha "Worker Lives Matter" convida os empregados a inserirem o nome da empresa, o cargo e o horário de trabalho em uma planilha publicada no GitHub.
Nesta quinta-feira, mais de 4 mil pessoas que trabalham em gigantes da tecnologia como Alibaba (NYSE:BABA) (SA:BABA34), Baidu (NASDAQ:BIDU) (SA:BIDU34), Tencent (OTC:TCEHY) e ByteDance haviam registrado seus dados.
Desde então, também criaram planilhas separadas para setores específicos, como imóveis, finanças e empresas estrangeiras.
A maioria registros mostra que, embora uma semana de cinco dias seja a norma, muitos deles trabalham de 10 a 12 horas por dia.
Um postagem afirmava que a prática do "996" de trabalhar das 9h às 21h seis dias por semana é frequente e as horas de trabalho em empresas de internet são pouco transparentes.
"Esperamos contribuir para o boicote de '996' e a popularização de '955'", disse um dos criadores do site Zhihu, numa postagem vista 6 milhões de vezes. "955" significa 9h às 17h, cinco dias por semana.
Alibaba, Tencent, Baidu e ByteDance não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
As longas jornadas de trabalho são um tema importante para os trabalhadores de tecnologia da China. O problema ganhou atenção pela primeira vez em 2019, quando trabalhadores do setor lançaram uma campanha online semelhante contra o "996".
Nos últimos meses, as críticas às longas horas de trabalho ganharam força em meio à repressão do governo às empresas de tecnologia, evidenciando o tratamento oferecido aos empregados.
Neste ano, empresas como a dona do TikTok, ByteDance, a plataforma de vídeos curtos Kuaishou e a gigante da entrega de comida Meituan cortaram as horas extras obrigatórias nos finais de semana. O Tribunal Superior da China em agosto descreveu "996" como ilegal.