Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Unigel reverterá aviso prévio concedido a trabalhadores de sua fábrica de fertilizantes nitrogenados em Camaçari, na Bahia, enquanto mantém negociações com a Petrobras (BVMF:PETR4) que visam retomar as operações no ativo, informou a companhia em nota nesta terça-feira.
A decisão vem após o sindicato ter informado sobre notificação recebida pela Proquigel, unidade da Unigel que opera a fábrica, de que a planta seria fechada e 384 trabalhadores demitidos.
A Proquigel, segundo o sindicato informou no início do mês, está operando a unidade da Unigel de forma deficitária desde o fim de 2022, "especialmente em razão do alto custo do gás natural fornecido pela Petrobras, que torna o preço final dos fertilizantes impraticável face aos preços praticados no mercado internacional".
Nesta terça-feira, o CEO da Unigel, Roberto Noronha, afirmou em nota que o setor petroquímico está atravessando a pior crise que "já viveu em anos" e que as condições de competitividade com o mercado internacional tornam tudo ainda mais complexo.
"Mesmo assim nunca desistimos e seguimos firmes no propósito de continuar produzindo fertilizantes nitrogenados, matéria-prima tão necessária ao país. Os trabalhadores serão mantidos e retomaremos a produção em Camaçari assim que possível", disse Noronha, sem entrar em detalhes sobre possíveis avanços nas conversas com a Petrobras.
A fábrica de fertilizante foi arrendada pela Petrobras em 2020 para a Unigel por 10 anos, junto com a unidade de Laranjeiras, em Sergipe, que está em operação.
A Unigel disse que continua em tratativa com a Petrobras "voltada para os projetos da companhia focados em energia renovável e fertilizantes", conforme anúncio de junho deste ano.
Noronha adicionou nesta terça-feira que a retomada é uma prioridade nacional. "Convivemos com uma ampla dependência de fertilizantes nitrogenados vindo de outros países. Hoje 85% da demanda é atendida por importação. Consequentemente, ter uma produção no Brasil é essencial para garantir a redução da vulnerabilidade do país e a segurança dos nossos clientes", conclui.
No início do mês, o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou a jornalistas que teria novidades sobre a área de fertilizantes no próximo plano estratégico da companhia 2024-2028, previsto para ser publicado neste mês, mas não entrou em detalhes.
"Vamos fazer uma reconfiguração de tudo de fertilizantes", disse Prates na ocasião, evitando comentar qual solução poderia ser encontrada para a unidade de Camaçari.
Em plena operação, a fábrica de Camaçari tem capacidade de produzir 475 mil toneladas de amônia e 475 mil toneladas dos diversos tipos de ureia ao ano, segundo dados da Unigel.
(Por Marta Nogueira)