SÃO PAULO (Reuters) - A Usiminas (SA:USIM5) anunciou nesta sexta-feira que seu conselho de administração aprovou na noite da véspera os termos finais de renegociação de dívida com credores brasileiros e japoneses, mantendo prazo de três anos de carência para início de pagamento de 6,3 bilhões de reais.
Entre os termos definitivos estão compromisso de distribuição de dividendos também aos credores, como forma de amortização antecipada de dívida, e recebimento de pelo menos 700 milhões de reais do caixa da mineradora Musa até o final de junho de 2017 sob risco de vencimento antecipado da dívida.
Procurada, a Usiminas informou que o recebimento dos recursos da Musa é um "processo que está em negociação".
As ações da companhia exibiam queda de 2,2 por cento às 12:43, enquanto o Ibovespa tinha queda de 2,8 por cento.
O acordo também deu aos credores brasileiros garantia às dívidas por meio de hipoteca sobre laminadores de tiras a quente e a frio da usina siderúrgica de Ipatinga(MG).
Os termos mantêm um pré-acerto obtido meses atrás pela empresa com os credores brasileiros, que além de debenturistas incluem Banco do Brasil (SA:BBAS3), Bradesco (SA:BBDC4), Itaú Unibanco (SA:ITUB4) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As condições foram aplicadas também aos credores japoneses: Nippon Usiminas, Japan Bank for International Cooperation, Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ, Mizuho Bank e Sumitomo Mitsui Banking Corporation.
A renegociação deu à Usiminas prazo de 7 anos para pagamento das dívidas após os três anos de carência. A empresa, porém, não deu detalhes sobre juros ou valores envolvidos na renegociação, mas afirmou que os 6,3 bilhões de reais envolvem 92 por cento da dívida em discussão da companhia. Do total, 83 por cento refere-se a credores brasileiros e o restante, de japoneses.
"As taxas de juros negociadas são competitivas para o prazo de 10 anos", afirmou a Usiminas ao ser questionada sobre os termos financeiros da negociação.
A siderúrgica encerrou o segundo trimestre com dívida bruta de 7,2 bilhões de reais e caixa de 2,7 bilhões que foi reforçado por um aumento de capital de 1 bilhão no final de junho. Na terça-feira, a Reuters publicou que somente o Banco do Brasil detém 2,9 bilhões de reais em créditos da Usiminas.
A empresa tinha prazo até a próxima semana para conseguir renegociar a dívida com os credores, sob risco de vencimento de um acordo que havia concedido à companhia seis meses de suspensão de obrigações financeiras.
"A conclusão desse complexo processo (...) marca um importante passo para a revitalização da Usiminas. Agora, a nossa gestão estará completamente voltada para a melhoria dos resultados da empresa, fator fundamental para a sustentabilidade do nosso negócio", disse em comunicado à imprensa o presidente-executivo da Usiminas, Sergio Leite.
Segundo ele, a renegociação da dívida, juntamente com aporte de capital dos acionistas, "demonstra a confiança dos sócios e das instituições financeiras na Usiminas, bem como soluciona o fluxo de caixa da companhia, um dos seus maiores desafios".
O executivo comentou ainda no comunicado que a Usiminas tem em andamento planos de aumento de produção. Leite, porém, não deu detalhes sobre como a empresa pretende avançar nesta frente em meio à queda de 12 por cento nas vendas de laminados planos no país no acumulado de janeiro a julho, segundo dados do Instituto Aço Brasil.
O presidente da Usiminas afirmou ainda que a empresa está trabalhando em redução de custos na usina de Cubatão (SP) e Ipatinga, revisão e ajuste de contratos vigentes e "aumento de receita por meio de aumento de preços e do volume de vendas".
(Por Alberto Alerigi Jr.)