RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente da Vale, Murilo Ferreira, estará em Brasília nesta quinta-feira para participar de mais uma reunião sobre o rompimento da barragem da Samarco, com o objetivo de chegar a um acordo com o governo federal sobre valores e ações que deverão ser empenhados para minimizar os efeitos do desastre.
O colapso da estrutura da Samarco --joint venture da brasileira Vale com a anglo-australiana BHP Billiton-- aconteceu em novembro de 2015, em Mariana (MG), despejando uma onda de lama que deixou pelo menos 17 mortos, centenas de desabrigados, além de poluir o Rio Doce, que deságua no mar do Espírito Santo.
A negociação do acordo começou após a Vale, a BHP e a Samarco terem sido citadas em ação civil pública que pede reparações de cerca de 20 bilhões de reais, ajuizada na 12ª Vara Federal de Belo Horizonte pela União, pelos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e outras instituições.
Ferreira explicou, em teleconferência com analistas nesta manhã para comentar os resultados financeiros da Vale, que a empresa tem um grupo envolvido nas negociações "de forma bastante intensa", mas evitou adiantar detalhes sobre o que está sendo tratado nas reuniões.
Ao publicar seus resultados de 2015, nesta quinta-feira, a Vale admitiu que realizações em áreas operacionais foram ofuscadas pela ruptura da estrutura. A sua subsidiária interrompeu as operações com o desastre.
Além disso, a operação da Vale no Complexo de Mariana, próximo à área de mineração da Samarco, também foi impactada negativamente pela destruição da principal correia transportadora.
Dessa forma, a produção da Vale na região de Mariana foi 3 milhões de toneladas menor no quarto trimestre de 2015, cujas perdas foram compensadas pelo aumento de produção em outras minas.
Para 2016, a empresa projeta uma redução de outras 9 milhões de toneladas no local devido ao rompimento, cujas perdas também deverão ser serão compensadas.
"Como consequência do rompimento da barragem de Fundão, a Samarco incorreu em despesas, baixa de ativos e reconheceu provisões para remediação, que afetou seu balanço patrimonial e demonstração de resultado", afirmou a companhia no balanço.
Entretanto, a Vale reconhece os resultados da Samarco pelo método de equivalência patrimonial e, portanto, os impactos do rompimento da barragem da Samarco no balanço patrimonial e na demonstração de resultado estão limitados à participação da companhia no capital social da Samarco.
A mineradora registrou prejuízo líquido de 33,156 bilhões de reais no quarto trimestre de 2015, o pior resultado desde pelo menos a privatização da empresa, em 1997, com suas contas afetadas pelos baixos preços das commodities, que levaram a companhia a realizar uma expressiva baixa contábil.
A Vale também reconheceu impairment nos investimentos na Samarco de 132 milhões de dólares em 2015, um valor pequeno perto das outras baixas contábeis que impactaram seu resultado.
(Por Marta Nogueira)