Investing.com – Os resultados operacionais da Vale (BVMF:VALE3) referentes ao terceiro trimestre foram elogiados por analistas, em grande parte, mas as atenções dos investidores estão direcionadas à assinatura de acordo de reparação de danos do desastre ambiental ocorrido em Mariana (MG). Com as duas notícias em pauta, o mercado reage bem e os papéis sobem 2,50%, a R$61,19, às 11h59 (de Brasília).
A Vale apresentou um lucro líquido atribuível aos acionistas de US$ 2,412 bilhões no terceiro trimestre deste ano, uma queda de 15% em relação ao mesmo período de 2023, o que era antecipado por analistas diante da retração na cotação do minério de ferro.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado totalizou US$3,615 bilhões, uma diminuição anual de 18%. A receita líquida de vendas atingiu US$9,553 bilhões, uma queda anual de 10%, enquanto analistas consultados pelo Investing.com projetavam cerca de US$9,481 bilhões.
Vale chega a acordo relacionado a desastre em Mariana (MG)
As mineradoras Vale, BHP e Samarco chegaram a um acordo com autoridades visando reparar danos relacionados ao rompimento de barragem de Fundão, em Mariana (MG), no ano de 2015. A primeira parcela, no montante de R$5 bilhões, deverá ser paga em até 30 dias após a assinatura.
O acordo definitivo prevê um valor financeiro total que chega a R$ 170 bilhões, sendo obrigações passadas e futuras, voltado a afetados pelo rompimento e políticas para amenizar os impactos ao meio ambiente. Destes, R$38 bilhões foram investidos em medidas de remediação e compensação. Outros R$32 bilhões são obrigações da Samarco, incluindo iniciativas de indenização individual, reassentamento e recuperação ambiental. Além disso, serão pagos R$100 bilhões, parcelados, ao longo de 20 anos, para o governo federal, estados de Minas Gerais e Espírito Santos e aos municípios para ações compensatórias vinculadas a políticas públicas, detalhou documento enviado pela Vale ao final da manhã.
Avaliação dos analistas de mercado
Analistas destacaram melhorias operacionais da mineradora, mas ficaram desapontados com o fluxo de caixa da companhia. Veja quais as opiniões de especialistas de grandes instituições financeiras abaixo:
- Goldman: O Ebitda recorrente da Vale foi avaliado como em linha com o estimado, e o banco espera que o mercado esteja mais atento à assinatura de acordo relacionado ao rompimento da barragem em Mariana (MG). “Juntamente com a melhoria operacional e o foco do novo CEO na melhoria das relações institucionais (de acordo com o comunicado de imprensa da Vale), esperamos gatilhos positivos de baixo para cima e vemos espaço para uma reavaliação do preço das ações (após o desempenho inferior versus o recente rali do minério de ferro e dos pares)”, apontou o GS, que indica compra na ação, com preço-alvo de US$15,50.
- Santander: O Santander considerou o Ebitda como acima do esperado devido à redução de custos e reforçou a indicação outperform, equivalente à compra, com preço-alvo de R$90 para ações ordinárias e de US$18 para ADRs. “Vale apresentou resultados sólidos, impulsionados por maiores volumes de vendas”, destacou o banco, mencionando, em contrapartida, menores preços médios realizados de finos de minério de ferro.
- Itaú BBA: O Itaú BBA também avaliou o Ebitda como superior ao previsto. “A geração de FCF melhorou sequencialmente, mas permaneceu fraca, em US$ 179 milhões”, apontaram os analistas do Itaú BBA, que possuem outperform na ação, com preço-alvo de US$13.
- BTG): O BTG) foi na mesma linha, ao afirmar que o Ebitda foi maior do que o estimado e que a mineradora estaria “virando a esquina”. A percepção foi de melhorias no negócio de minério de ferro, enquanto o fluxo de caixa teria sido decepcionante. Assim, a recomendação é um pouco mais cautelosa, com neutro no papel, com alvo de US$12.
- Safra: O Safra considerou os dados como levemente abaixo do previsto para o Ebitda, com baixo fluxo de caixa livre, mas ressaltou que não houve surpresas nas provisões. “Nossa estimativa não atingiu os valores realizados devido aos resultados mais baixos dos metais de transição energética, que compensaram com sucesso os resultados ligeiramente mais elevados das soluções de minério de ferro”, explicou o Safra, que demonstra otimismo com a evolução sequencial das métricas operacionais.