SÃO PAULO (Reuters) - A rede de lojas de eletrodomésticos e móveis Via Varejo (SA:VVAR11) tem preocupação de demonstrar solidez financeira e por isso vai se concentrar em 2016 em proteger seu caixa diante de um ano em que o setor espera queda de vendas de até dois dígitos, afirmaram executivos da companhia nesta quarta-feira.
A companhia vai seguir trabalhando em iniciativas de ganho de eficiência e redução de custos logísticos para conseguir bancar manutenção em política de agressividade de preços, afirmou o presidente Peter Estermann, durante teleconferência com analistas.
A Via Varejo divulgou na véspera prejuízo de 177 milhões de reais para o quarto trimestre, revertendo resultado positivo obtido um ano antes em um balanço impactado por queda de cerca de 15 por cento nas vendas em lojas abertas há pelo menos um ano.
Analistas do Credit Suisse consideraram o resultado fraco, mas destacaram positivamente a geração de caixa no período e reiteraram a visão de que as ações da varejista têm valor, embora devam seguir sob pressão no curto prazo. Eles estimam que a empresa deve mostrar algum crescimento de receita no segundo trimestre de 2016 que pode ser um trigger para as ações, conforme nota a clientes.
A companhia terminou 2015 com caixa líquido de 2,3 bilhões de reais, um crescimento de 1,6 bilhão de reais e o diretor financeiro da rede varejista, Felipe Negrão, afirmou que a empresa não tem no radar no momento operações de fusão e aquisição.
"Considerando a atual perspectiva econômica nos próximos meses e anos, continuamos com foco em manter caixa e manter solidez financeira. É importante para o gestor e para fornecedores e para todo mundo mostrarmos isso", disse Negrão aos analistas.
Segundo Estermann, a Via Varejo não tem meta de fechamento de lojas este ano e vai trabalhar para melhorar performance daquelas que estejam apresentam desempenho abaixo do esperado.
"Vamos continuar sendo competitivos em preço, competitividade é importante (...) mas vamos preservar margens, trabalhando internamente para ajusta custos a essa realidade e abrir novas linhas de receitas", afirmou Estermann, citando que a empresa vai ofertar mais produtos financeiros como forma de ampliar receitas.
"Existe uma previsão de uma queda no mercado importante para 2016, e nossa estratégia é no mínimo estarmos alinhados com o mercado. Entendemos que temos oportunidade de ganhar participação de mercado", disse o executivo comentando expectativas do setor de varejo de queda nas vendas de até dois dígitos neste ano.
As units da Via Varejo reverteram os ganhos e caíam cerca de 1 por cento por volta das 13:10, enquanto o índice de Small Caps, do qual fazem parte, perdia 2,4 por cento.
Para o primeiro trimestre, Estermann procurou demonstrar otimismo aos analistas comentando que a fornecedores ainda não repassaram tabelas novas de preços à companhia e que a expectativa da Via Varejo para o início do ano é "boa, com crescimento de receita".
Sobre os problemas vividos pela Cnova em centros de distribuição, a Via Varejo não espera impactos sobre suas operações, disse o presidente da companhia, citando auditorias internas realizadas pela empresa.
A Cnova identificou recentemente desvios de produtos em seus centros de distribuição no Brasil, o que fez suas receitas serem infladas em 110 milhões de reais até dezembro do ano passado. A Cnova é empresa de comércio eletrônico do grupo francês Casino e reúne sites de bandeiras como Casas Bahia e Ponto Frio, marcas da Via Varejo.
(Por Alberto Alerigi Jr.)