Por Marie Mannes
ESTOCOLMO (Reuters) - A fabricante sueca de automóveis Volvo Cars descartou nesta quarta-feira a meta de se tornar totalmente elétrica até 2030, dizendo que agora espera ainda oferecer alguns modelos híbridos em sua linha.
As principais montadoras têm observado uma desaceleração na demanda por veículos elétricos, em parte devido à falta de modelos acessíveis e à lenta implantação de pontos de carregamento, ao mesmo tempo em que se preparam para os efeitos das tarifas europeias sobre carros elétricos fabricados na China.
As ações da empresa caíam 7,5% nesta tarde, após oscilarem em torno de 4% antes do anúncio das metas reduzidas.
A Volvo disse no comunicado que, até 2030, sua meta agora é que entre 90% e 100% dos carros vendidos sejam modelos totalmente elétricos ou híbridos plug-in, enquanto até 10% seriam os chamados híbridos leves, nos quais a energia elétrica apenas complementa o motor de combustão.
A companhia afirmou ainda, em comunicado separado, que os híbridos plug-in seriam uma parte essencial do crescimento futuro de lucro e que renovaria seu híbrido XC90, com os primeiros clientes recebendo o SUV até o fim do ano.
A Volvo vende uma mistura de carros elétricos e híbridos. Até agora, vinha permanecendo firmemente comprometida com os planos de vender apenas carros totalmente elétricos até 2030, mesmo quando seus rivais começaram a reduzir suas ambições. Alguns dos principais carros totalmente elétricos da Volvo são o EX90 e o EX30, ambos SUVs.
A crescente demanda por carros híbridos levou a uma mudança estratégica em um setor que, inicialmente, tinha como objetivo eliminá-los em favor de veículos totalmente elétricos.
A Toyota, uma das grandes montadoras mais lentas no desenvolvimento de veículos elétricos, continua apostando fortemente em híbridos através de um número maior de modelos. Já a montadora francesa Renault (EPA:RENA) disse que continuará a lançar o modelo híbrido.
As preocupações dos motoristas sobre a autonomia dos veículos elétricos estão entre os motivos pelos quais os compradores têm optado pelos híbridos, geralmente mais acessíveis e práticos.
A Volvo, que é controlada majoritariamente pela chinesa Geely, disse que estava respondendo às mudanças nas condições de mercado e às demandas dos clientes.
"É uma abordagem pragmática... para ajudar nossos clientes a seguir a jornada para a eletrificação completa. Para muitos clientes em muitos mercados, será uma jornada gradual", disse Erik Severinsson, chefe de estratégia e diretor de produtos, à Reuters.
Até 2025 a Volvo Cars espera agora que carros eletrificados -- tanto EVs completos quanto híbridos -- sejam responsáveis por entre 50% e 60% das vendas. A meta anterior para 2025 era de pelo menos 50% de carros totalmente elétricos, com o restante de híbridos.
"Estamos firmes em nossa crença de que nosso futuro é elétrico", disse o CEO Jim Rowan. "No entanto, está claro que a transição para a eletrificação não será linear, e os clientes e mercados estão se movendo em velocidades diferentes."
A companhia, que se orgulha de ser pioneira no setor de veículos elétricos, também pediu que os políticos adotem ações governamentais "mais fortes e estáveis" para apoiar a eletrificação.
A mudança para os híbridos ocorre apesar de anos de esforços de vários países para pressionar as montadoras a eliminar, o mais rapidamente possível, os motores de combustão interna emissores de CO2.
Em evento para apresentar seu EX90, a Volvo mostrou um vídeo sobre um futuro sedã elétrico chamado ES90. Severinsson não quis dizer quando os clientes poderiam encomendar o novo sedã, mas afirmou que ele fazia parte de cinco carros totalmente elétricos que a empresa estava desenvolvendo.
(Reportagem de Marie Mannes, Anna Ringstrom e Stine Jacobsen)