XP tem lucro recorde de R$1,3 bi no 2º tri, mas queda em captação

Publicado 18.08.2025, 17:07
Atualizado 18.08.2025, 19:50
© XP Inc

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A XP Inc (NASDAQ:XP) reportou nesta segunda-feira lucro líquido de R$1,32 bilhão no segundo trimestre, alta de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, um resultado recorde, com melhora na receita do varejo e rentabilidade.

Estimativas compiladas pela LSEG apontavam lucro de R$1,26 bilhão para a companhia, um dos principais provedores de produtos e serviços financeiros no Brasil.

No segundo trimestre, contudo, a XP (BVMF:XPBR31) registrou uma captação líquida total de apenas R$10 bilhões, bem menor do que os R$32 bilhões no mesmo período de 2024 e dos R$24 bilhões nos primeiros três meses do ano.

No varejo, que inclui também pequenas e médias empresas, a captação líquida somou R$16 bilhões, queda de 21% no trimestre e de 34% ano a ano, mas também abaixo dos R$20 bilhões que a XP mira por trimestre.

O segmento corporate teve resgate líquido de R$6 bilhões no período.

De acordo com o CFO da XP, Victor Mansur, tanto no caso de PMEs e de grandes empresas, houve uma mudança no comportamento dos bancos que dão crédito, que estão exigindo um pouco mais de reciprocidade em termos de investimento.

"Isso não acontecia, a gente começou a ver isso no primeiro trimestre, viu um pouco mais intenso no segundo", afirmou a jornalistas ao comentar o balanço do segundo trimestre.

"Com a Selic onde está, as empresas tão com caixa mais apertado pra serviço da dívida e os bancos que dão crédito estão cobrando mais reciprocidade... A evasão de dinheiro no corporate e no PME tem um pouco desse pano de fundo."

No caso do varejo, acrescentou, tem um fator que é inegável que é o nível da Selic (em 15% ao ano), que bate todas as classes de ativo há quase 24 meses. "Quando isso acontece, a inércia do cliente para trocar de casa é um pouco maior."

Mansur ressaltou, contudo, que a XP pode ver uma mudança de tendência muito rápida no movimento de fluxos caso o mercado volte a melhorar e as outras classes de ativos comecem a ter uma performance acima da taxa Selic.

Ele reiterou o guidance da casa para a captação no varejo por volta de R$20 bilhões.

Mesmo com a captação menor, os ativos totais de clientes aumentaram para R$1,372 trilhão -- +14% ano a ano e +3% na base trimestral. Quando incluídos os ativos sob gestão, a cifra alcança R$1,9 trilhão, elevação de 17% ano a ano.

O executivo também destacou o aumento de 22% do lucro por ação da XP, reflexo dos programas de recompra de ações que o grupo executou, e reforçou que o plano é que 50% ou mais do lucro líquido seja distribuído para os acionistas neste ano.

"Tem mais uma leva de retornos que a gente deve anunciar depois do fechamento do terceiro trimestre em novembro", acrescentando que será discutido no "board" qual será divisão entre dividendo e recompra.

A XP executou um programa de recompra de ações no montante de R$915 milhões no primeiro semestre. Adicionalmente, um programa de recompra de ações no valor de R$1 bilhão se mantém aberto e é executado recorrentemente.

VAREJO PUXA RECEITA

A receita bruta somou R$4,7 bilhões, alta de 4% ano a ano, puxada pelo varejo (+9%), com a renda fixa mais uma vez como destaque nessa comparação, com expansão de 20%, a R$988 milhões, enquanto renda variável teve queda de 8%, a R$1,03 bilhão.

Na base trimestral, porém, a renda variável -- que voltou a responder pelo maior montante -- cresceu 7%, enquanto renda fixa encolheu 3%.

De acordo com a XP, a receita no segmento institucional ficou estável no trimestre e cedeu 1% ano a ano, a R$343 milhões, enquanto a de grandes empresas e mercados de capitais mostrou recuo de 13% em 12 meses e de 3% no trimestre.

A receita líquida cresceu 6%, para R$4,46 bilhões, com destaque para expansão no segmento de varejo.

O CFO afirmou que a perspectiva é de que as receitas melhorem na segunda metade do ano, após um primeiro semestre de muita volatilidade no Brasil e no exterior, principalmente nos Estados Unidos.

Um dos componentes que ele citou é a melhora gradual do volume médio na B3 (BVMF:B3SA3), mas também um número maior de dias úteis no segundo semestre (6 a mais) do que no primeiro. "Mas depende muito do cenário macro", afirmou.

MAIS ASSESSORES

Nas despesas administrativas e gerais, o período apurou expansão de 10% ano a ano e no trimestre, para R$1,56 bilhão.

O retorno sobre o patrimônio líquido anualizado (ROAE) ficou em 24,4%, de 22,1% um ano antes, enquanto o retorno sobre o patrimônio líquido tangível (que exclui intangíveis e ágio) anualizado (ROTE) passou de 27,2% para 30,1% ano a ano.

A XP afirma que o ROTE permite uma comparação mais assertiva com outros concorrentes.

A XP encerrou junho com 4,72 milhões de clientes ativos, acréscimo de 1% em relação ao final de março e de 2% ante o mesmo período do ano passado.

O número de assessores ficou quase estável em 18,2 mil, de 18,3 mil um ano antes e 18,1 mil no primeiro trimestre.

Mansur afirmou que esse número deve crescer nos próximos trimestres, uma vez que o grupo continua investindo tanto na rede de escritórios de assessorias de investimentos conectada à XP, como na rede interna de assessores (B2C)

Ao longo do ano, ele afirmou que o grupo deve fazer entre 500 e 700 novas contratações, entre saídas e entradas, para o B2C, mas que há também alguns programas com o B2B para voltar a expandir a rede de assessores.

Em entrevista no mês passado, o CEO da XP, Thiago Maffra, afirmou à Reuters que o grupo quer dobrar até 2033 o valor dos ativos de clientes sob custódia e enxerga a ampliação da atuação dos seus assessores de investimentos como uma "grande arma".

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