DUBLIN (Reuters) - O músico irlandês Bono defendeu o Spotify das críticas de que o serviço de músicas digitais paga pouco às pessoas que criam música, dizendo que os serviços de streaming de música digital estão abrindo novos caminhos para que os músicos alcancem seu público.
"Vejo os serviços de streaming como maneiras muito empolgantes de chegar às pessoas. No final das contas, é o que queremos para as músicas do U2", disse o vocalista da banda na quinta-feira, durante a conferência Web Summit.
Seus comentários foram feitos na mesma semana em que a cantora norte-americana Taylor Swift retirou seu catálogo inteiro do Spotify na esteira do lançamento de seu novo álbum, "1989", que chegou imediatamente ao topo das paradas de seu país.
A Big Machine, gravadora de Taylor, recusou-se a comentar por que pediu que os discos da cantora fossem retirados do Spotify, um serviço gratuito que também oferece assinaturas para usuários que queiram eliminar propagandas.
Mas em um artigo no jornal Wall Street Journal em julho, Taylor escreveu que a música é valiosa e que em sua opinião "a música não deveria ser de graça".
Bono, embora sem se referir diretamente a Taylor, defendeu o Spotify, que ele afirma repassar 70 por cento de sua renda às gravadoras.
"O verdadeiro inimigo não está entre downloads digitais ou streaming. O verdadeiro inimigo, a verdadeira luta está entre a opacidade e a transparência. É fato histórico que a indústria musical se envolveu em manipulações consideráveis", disse Bono.
"Mas se mudarmos isso um pouco, e as pessoas puderem realmente ver quantas vezes estão sendo tocadas, onde estão sendo tocadas, ter acesso à informação sobre as pessoas que as ouvem, serem pagas por débito direto… acho que estes pagamentos levarão a alguma coisa, já que o mundo se torna mais transparente".
Ele ainda defendeu a decisão do U2 de ceder seu novo álbum, "Songs of Innocence", como download gratuito no iTunes. A manobra saiu pela culatra quando muitos usuários se queixaram pelo fato de o disco ocupar muito espaço na memória ou por temerem estar sendo cobrados por ele.
"Muitas pessoas que não tinham interesse pelo U2 ficaram com raiva do U2. Eu chamaria isso de um progresso no relacionamento", afirmou Bono.
(Por Conor Humphries)