Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA, (Reuters) - A operação da Polícia Federal no inquérito das fake news tirou da inércia nas redes sociais as bases bolsonaristas, que voltaram a aumentar seu espaço no Twitter, especialmente com críticas ao Supremo Tribunal Federal, mostra levantamento da Sala de Democracia Digital da Fundação Getulio Vargas.
A análise feita das interações nas redes na quarta-feira, dia da operação que levou a 29 ações de busca e apreensão em endereços de investigados, mostrou que a base partidária de direita, de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, concentrou 27% dos perfis mais ativos no debate, depois de várias semanas em torno de 14% a 17%.
Segundo o levantamento, as interações se concentraram em críticas ao STF, o destaque à suposta ilegalidade do inquérito e a uma "ditadura do STF", além da tentativa de mostrar que a ação prova que não há interferência do presidente na Polícia Federal.
O que os analistas chamam de base partidária de oposição --que incluem políticos mas também influenciadores digitais críticos ao governo-- também aumentou a interação nas redes, chegando a 25% dos perfis que atraíram atenção na quarta-feira. Essa base teve, no entanto, temas mais variados.
Além da ação da PF, chamou a atenção dos analistas as citações a uma fala durante uma reunião da Superintendente de Seguros Privados do Ministério da Economia, Solange Vieira, revelada pela Reuters, em que ela teria dito que "é bom que as mortes (do Covid-19) se concentrem entre os idosos... Isso melhorará nosso desempenho econômico, pois reduzirá nosso déficit previdenciário."
O levantamento mostrou ainda que, ao contrário do Twitter, as bases de direita perderam espaço no Youtube, em que normalmente dominam, para vídeos de canais tradicionais de comunicação.
"Dentre as principais plataformas digitais do país, normalmente é no Youtube que os influenciadores da direita de apoio a Bolsonaro têm maior impacto proporcional e predomínio sobre outros núcleos políticos. No entanto, no acompanhamento das operações da PF contra o governo do Estado do Rio de Janeiro e os propagadores de fake news, a imprensa profissional reuniu 18 dos 20 vídeos de maior número de visualizações", diz o relatório.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)