Por Joyce Lee
SEUL (Reuters) - Um tribunal sul-coreano sentenciou nesta segunda-feira o vice-presidente do conselho de administração da Samsung Electronics, Jay Y. Lee, a dois anos e meio de prisão, o que pode atrasar a reestruturação acionária do grupo após a morte do pai dele em outubro.
Lee, o empresário mais poderoso da Coreia do Sul, cumpriu um ano de prisão por subornar uma autoridade ligada ao ex-presidente Park Geun-hye quando um tribunal de apelações suspendeu o processo em 2018; um ano depois, a Suprema Corte ordenou que o executivo de 52 anos fosse julgado novamente.
O Tribunal Superior de Seul considerou Lee culpado de suborno, apropriação indevida e dissimulação de receitas no valor de cerca de 8,6 bilhões de won (7,8 milhões de dólares) e disse que o comitê independente de compliance criado pela Samsung no início do ano passado ainda não entrou em vigor.
"(Lee) mostrou disposição para a gestão com um compliance reforçado, já que prometeu criar uma empresa transparente", disse o presidente do tribunal Jeong Jun-yeong. "Apesar de algumas deficiências ... Espero que, com o tempo, isso seja avaliado como um marco na história das empresas coreanas como um começo para o compliance e a ética", disse ele.
Lee, vestido com um casaco escuro e de pé para ouvir a sentença, sentou-se depois que ela foi lida. Ele não se manifestou. Durante sua declaração final ao tribunal em dezembro, Lee disse que desejava "fazer uma nova Samsung”.
"Este caso envolve o abuso de poder do ex-presidente, violando a liberdade corporativa e os direitos de propriedade...A decisão do tribunal é lamentável", disse o advogado de Lee, Lee In-jae, a repórteres.
QUEDA DE AÇÕES
Lee será afastado, por enquanto, das principais tomadas de decisão da Samsung Electronics. Ele também não poderá supervisionar diretamente o processo de herança de seu pai, crucial para manter seu controle sobre a Samsung.
Analistas concordaram que as operações cotidianas da empresa não serão afetadas, mas as decisões em grande escala cujos resultados muitas vezes só são visíveis depois de anos, como fusões e aquisições e grandes mudanças de equipe, podem sentir o impacto.
"A ausência (de Lee) não vai atrapalhar a gestão atual da Samsung ... Ao contrário da época de seu pai, a Samsung tem sido administrada sistematicamente, a tomada de decisões é distribuída entre os presidentes de cada empresa do grupo", disse Chung Sun-sup, presidente-executivo da empresa de pesquisas Chaebul.com.
"Mas, além do golpe em sua imagem global, estratégias de longo prazo, como investimentos atualmente não planejados para o futuro e a reestruturação, podem ser paralisadas", acrescentou.