Por Bozorgmehr Sharafedin
DUBAI (Reuters) - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta quarta-feira que os mísseis são essenciais para o futuro da República Islâmica, mostrando apoio à linha-dura Guarda Revolucionária, que recebeu críticas do Ocidente por testar mísseis balísticos.
Khamenei endossou o acordo nuclear do ano passado com o chamado P5+1 (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha), mas desde então pediu ao Irã que evite uma maior aproximação com os EUA e seus aliados e preserve sua força econômica e militar.
"Aqueles que dizem que o futuro está em negociações, não em mísseis, ou são ignorantes ou traidores", teria afirmado Khamenei, que tem a palavra final em todos os assuntos de Estado, segundo seu site.
"Se a República Islâmica procurar negociações mas não tiver poder defensivo, teria que recuar diante das ameaças de qualquer país fraco".
Seus comentários podem ter tido como alvo o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, líder de fato de uma aliança política moderada que na semana passada tuitou que "o futuro está no diálogo, não em mísseis".
A Guarda Revolucionária do Irã realizou testes com mísseis balísticos no início deste mês, dizendo se tratar de uma demonstração do poder dissuasivo não-nuclear do país persa.
Em uma carta conjunta vista pela Reuters na terça-feira, os EUA e várias potências europeias disseram que os testes desafiaram uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que proíbe o Irã de testar mísseis com potencial nuclear.
Mas Washington afirmou que um novo teste de mísseis não violaria o pacto de julho de 2015, conforme o qual o Irã restringiu seu questionado programa nuclear e em troca obteve um alívio nas sanções financeiras da ONU e do Ocidente.
O acordo entre Teerã e o P5+1 foi aprovado pela Resolução 2231.
(Por Bozorgmehr Sharafedin; reportagem adicional de Lidia Kelly em Moscou e Stephanie Nebehay em Genebra)