VERSALHES, França (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, ao lado de seu colega russo, Vladimir Putin, classificou nesta segunda-feira dois veículos da mídia russa de "agentes de influência" que disse terem espalhado notícias falsas sobre ele durante sua campanha eleitoral.
Em um dos momentos mais tensos de uma coletiva de imprensa por ocasião de uma visita de Putin, Macron acrescentou que já abordou o tema com o líder do Kremlin em um telefonema após a eleição, acrescentando que o episódio ficou no passado e lá irá permanecer.
"Quando digo as coisas uma vez, normalmente não me repito", afirmou.
Durante a campanha acirrada, a equipe de Macron proibiu o acesso de dois veículos da mídia russa – a agência estatal de notícias Sputnik e a emissora RT TV – à sua sede, dizendo que estavam divulgando propaganda, ao invés de relatarem notícias reais.
Tendo Putin ao lado, o líder francês de 39 anos repetiu a acusação em resposta à pergunta de um jornalista, dizendo: "Durante a campanha, o Russia Today e o Sputnik foram agentes de influência que em várias ocasiões espalharam notícias falsas sobre mim e minha campanha".
"Eles se comportaram como órgãos de influência, de propaganda e de propaganda mentirosa", completou.
Durante a corrida eleitoral, que chegou ao clímax com a eleição de Macron no dia 7 de maio, sua equipe também irritou o Kremlin ao dizer que suas redes, bases de dados e sites foram atacados de localidades dentro da Rússia.
Quando sua equipe barrou jornalistas dos dois veículos russos da sede da campanha de Macron, uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo repudiou a medida, chamando-a de "ultrajante... uma discriminação descarada".
O Kremlin e a própria RT rejeitaram as alegações de interferência na eleição.
Putin não reagiu aos comentários de Macron sobre a mídia de seu país, embora tenha se exasperado quando um jornalista insinuou que a mão de Moscou estava por trás de ataques cibernéticos contra a campanha do colega francês. Estas alegações de invasão cibernética, disse, não se baseiam em fatos.
O Kremlin pareceu favorecer a adversária de extrema-direita de Macron, Marine Le Pen, para a Presidência francesa durante a disputa, e Putin lhe ofereceu um trunfo publicitário ao lhe conceder uma audiência um mês antes do primeiro turno da eleição.
Putin, porém, disse nesta segunda-feira que seu encontro com Le Pen não significou que estava tentando influenciar o resultado da votação.
(Por Denis Dyomkin, Michel Rose e Simon Carraud)