Por Alexandra Valencia e Tito Correa
QUITO (Reuters) - O assassinato do candidato presidencial equatoriano Fernando Villavicencio deixou alguns eleitores mais cautelosos em ir às urnas no dia 20 de agosto, tornando ainda mais difícil prever uma eleição já instável.
Villavicencio, um crítico veemente da corrupção e do crime organizado, foi morto na quarta-feira durante um evento de campanha noturno no norte de Quito.
O assassinato a menos de duas semanas da votação chocou o país, onde crimes violentos e tráfico de drogas aumentaram acentuadamente nos últimos anos.
Os eleitores dizem temer mais derramamento de sangue, e alguns avaliam se devem cumprir as regras de votação obrigatória.
"Estou com medo e pensando se devo ir votar", disse a manicure Margarita Alvarado, de 45 anos, de Quito.
"Se um candidato com guarda-costas não pode ser salvo... temo que algo violento aconteça na seção eleitoral."
"Prefiro pagar a multa", disse Alvarado, referindo-se à taxa de 45 dólares cobrada daqueles entre 18 e 65 anos que não votarem.
"Não posso sofrer esta aflição."
Mesmo antes do assassinato, havia uma incerteza generalizada sobre a disputa eleitoral.
Os candidatos colocados entre o segundo e o quinto lugar, que lutam por uma vaga em um possível segundo turno em outubro, aparecem empatados dentro das margens de erro nas pesquisas, afirmou a empresa de pesquisas Cedatos em uma publicação na terça-feira na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter.
As pessoas que planejam votar nulo ou em branco representam cerca de 25% dos eleitores, segundo a Cedatos.
"O assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio complica o que já é uma crise política atípica e complexa no Equador", disseram a analista-chefe da Verisk Maplecroft, Jimena Blanco, e a analista-chefe das Américas, Eileen Gavin, em nota.
"Com cerca de 40% dos eleitores indecisos, era improvável que os dados atuais das pesquisas fossem muito precisos; o assassinato agora acrescenta uma nova fonte de imprevisibilidade ao resultado eleitoral", acrescentaram.
Os partidários de Villavicencio, cerca de 8% dos entrevistados em pesquisas recentes, podem não se encaixar perfeitamente em outro campo. Apesar de seus laços sindicais, Villavicencio se opôs fortemente à principal candidata de esquerda, Luisa González."
(Reportagem de Alexandra Valencia e Tito Corrêa em Quito)