DUBAI (Reuters) - A Arábia Saudita está preocupada com as atividades nucleares cada vez maiores do Irã que ameaçam a segurança da região, afirmou uma autoridade do Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita, após Teerã começar o processo de produção de um metal rico em urânio.
O órgão supervisor de atividades nucleares da ONU disse na terça-feira que o Irã havia começado o processo de enriquecimento, o que pode ajudar a desenvolver uma arma nuclear e que foi criticado pelos Estados Unidos e potências europeias.
O Irã afirmou que a ação visava desenvolver combustível para um reator de pesquisas, não produzir armas nucleares.
Washington e seus aliados europeus consideraram-na uma ameaça às discussões para ressuscitar o acordo de 2015 que impõe restrições às atividades nucleares do Irã em troca do fim de sanções internacionais.
Riad está "muito preocupada com o ritmo crescente das atividades nucleares e desenvolvimento de capacidades do Irã... que não são consistentes com propósitos pacíficos", afirmou a autoridade saudita em resposta a um pedido da Reuters por comentários.
A autoridade disse que as movimentações do Irã para produzir urânio enriquecido com 60% de pureza físsil e urânio metálico com 20% "representam uma ameaça cada vez maior" à segurança da região e à não-proliferação de armas.
Elas atrapalham as tentativas de fechar "um abrangente acordo nuclear que garanta a segurança e a estabilidade do mundo e da região", disse a autoridade.
Potências globais conversam com Teerã desde o começo de abril para ressuscitar o acordo de 2015. Washington se retirou do pacto três anos atrás, e Irã respondeu com violações graduais das restrições.
Os Estados Unidos disseram na quarta-feira que esperam uma sétima rodada de discussões indiretas com o Irã no "momento apropriado", mas não disseram quando.
O urânio enriquecido em 20% pode ser usado para reatores de pesquisa. Mas França, Reino Unido e Alemanha, todos integrantes do acordo de 2015, disseram que a produção de urânio metálico do Irã não tem credibilidade civil e potencialmente tem sérias implicações militares.
A Arábia Saudita, em uma rivalidade por poder na região com o Irã, pediu um acordo mais forte e mais duradouro que atenda às preocupações do Golfo Árabe sobre o programa de mísseis de Teerã e apoio a representantes ao redor da região.
Riad e Teerã, que cortaram relações em 2016, começaram discussões diretas em abril com o objetivo de conter as tensões.
(Por Ghaida Ghantous)