Por Lisandra Paraguassu
LIMA (Reuters) - Ausente da Cúpula das Américas, a Venezuela esteve em boa parte dos discursos dos presidentes na plenário, em condenações constantes ao processo eleitoral marcado para 20 de maio, e poucos defensores, como o presidente da Bolívia, Evo Morales.
O tom comum foi de cobrança para que o governo venezuelano aceite a existência de uma crise humanitária no país e a negação da legalidade da eleição presidencial convocadas por Nicolás Maduro, da qual ele é o principal candidato.
"Reitero que não há espaço na região para alternativas à democracia. Por isso trabalhamos em instâncias como o Grupo de Lima, por isso queremos uma OEA cada vez mais atuante, com seu acervo de instrumentos que possam ajudar o povo da Venezuela a encontrar o caminho de volta para a democracia", disse o presidente Michel Temer.
Temer citou ainda a crise de refugiados que tem cruzado a fronteira com o Brasil, mas não foi enfático em denunciar a ilegalidade das próximas eleições venezuelanas. Outros presidentes foram mais duros em seus comentários.
"A Argentina vai desconhecer qualquer resultado de uma eleição desse tipo", disse o presidente Maurício Macri. Temos que redobrar nossos esforços para que o governo da Venezuela deixe de negar a realidade e aceite a ajuda internacional para crise humanitária, que se tornou insustentável".
O presidente do Chile, Sebástian Piñera, afirmou que a Venezuela não é um problema apenas para os venezuelanos, mas para toda a região.
"Não há democracia, não há independência dos poderes, há presos políticos. A mensagem deve ser forte e clara: queremos que a Venezuela se reencontre com a democracia, os direitos humanos e o estado de direito, e que reconheça a crise humanitária", disse Piñera. "Nenhuma democracia de verdade deve reconhecer essas eleições".
O governo de Maduro, no entanto, ainda tem defensores entre os 35 países da Cúpula, a ponto de não haver consenso para uma declaração final - trocada, desta vez, por um compromisso apenas sobre corrupção, tema da Cúpula.
Evo Morales criticou a ausência da Venezuela, cujo governo foi "desconvidado" pelo Peru, organizador da Cúpula, a acusou a Organização dos Estados Americanos de ser um marionete dos Estados Unidos.
Falando pela Dominica, sua chanceler, Francine Baron, afirmou que a exclusão da Venezuela vai contra os princípios da Cúpula e que qualquer solução para a crise no país tem que ser feita com diálogo.
GRUPO DE LIMA
No fim da Cúpula, o chamado grupo de Lima, 14 países da região que tem se coordenado para pressionar o governo venezuelano, soltarão mais uma declaração condenando a eleição marcada para maio, pedindo a liberação de presos políticos e pedindo que Maduro aceite ajuda humanitária.
Durante a Cúpula, o governo peruano negociou a adesão de mais países ao documento, que será divulgado após o encerramento final da plenária dos presidentes.