BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central decidiu nesta quarta-feira manter a taxa básica de juro em 11 por cento ao ano pela segunda vez seguida, em linha com as expectativas do mercado, e deixou as portas abertas para uma eventual mudança na política monetária antes do esperado.
Após reunião de cerca de 3 horas, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou que "avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11 por cento ao ano, sem viés", repetindo o texto da reunião anterior.
Pesquisa da Reuters mostrou que todos os 60 analistas consultados esperavam a manutenção da Selic.
"É do perfil dessa diretoria a tendência por sempre optar por liberdade na decisão, sem se amarrar a nenhum tipo de viés, colocando sempre a (próxima decisão) na dependência dos indicadores", afirmou a economista do Santander Brasil Tatiana Pinheiro, para quem a Selic será mantida em 11 por cento até o final do ano.
A decisão do BC de não mexer no juro ocorre mesmo com a inflação acima da margem de tolerância da meta do governo e diante de um cenário de desaceleração do crescimento econômico e de confiança abalada. Também acontece a poucos meses das eleições de outubro, quando a presidente Dilma Rousseff buscará um novo mandato.
Em maio, quando interrompeu o ciclo de aperto monetário que durou um ano e manteve a Selic em 11 por cento, o BC também informou que a decisão ocorria "neste momento", algo que foi interpretado por especialistas como indicação de que a taxa poderia voltar a subir em pouco tempo.
Uma semana depois, quando divulgou a ata da reunião, o Copom informou que via menos crescimento, fazendo com que as apostas se voltassem para a manutenção da Selic até o fim deste ano, pelo menos.
Essa ideia foi reforçada no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado no fim do mês passado, quando o BC passou a ver chances praticamente iguais de a inflação estourar ou não o teto neste ano.
Nos 12 meses até junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza o regime de metas de inflação, acumula alta de 6,52 por cento, apesar de ter desacelerado no mês.
O BC prevê que a economia brasileira irá crescer 1,6 por cento este ano e que o IPCA fechará o ano a 6,4 por cento, praticamente no teto da meta de 4,5 por cento, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Pesquisa Focus do BC com economistas de instituições financeiras mostra que, pela mediana, as expectativas são de que a Selic fechará este ano a 11 por cento, indo a 12 por cento no fim de 2015.
(Reportagem de Luciana Otoni e Alonso Soto)