Por David Brunnstrom e Trevor Hunnicutt
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que as forças norte-americanas defenderiam Taiwan no caso de uma invasão chinesa, sua declaração mais explícita sobre o assunto, provocando uma resposta irada da China, que disse que enviou o sinal errado para aqueles que buscam uma Taiwan independente.
Questionado em uma entrevista do programa da CBS 60 Minutes transmitida no domingo se as forças dos EUA defenderiam a ilha democraticamente governada reivindicada pela China, ele respondeu: "Sim, se de fato houvesse um ataque sem precedentes".
Solicitado a esclarecer se ele quis dizer que, ao contrário do que ocorre na Ucrânia, as forças dos EUA - homens e mulheres americanos - defenderiam Taiwan no caso de uma invasão chinesa, Biden respondeu: "Sim".
A entrevista da CBS foi apenas a ocasião mais recente em que Biden pareceu ir além da política de longa data dos EUA sobre Taiwan, mas sua declaração foi mais clara do que as anteriores sobre o comprometimento de tropas dos EUA para defender a ilha.
Os Estados Unidos há muito se apegam a uma política de "ambiguidade estratégica" e não deixam claro se responderiam militarmente a um ataque a Taiwan.
Solicitado a comentar, um porta-voz da Casa Branca disse que a política dos EUA em relação a Taiwan não mudou.
"O presidente já disse isso antes, inclusive em Tóquio no início deste ano. Ele também deixou claro que nossa política de Taiwan não mudou. Isso continua sendo verdade", declarou o porta-voz.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Mao Ning disse em um briefing regular em Pequim que os comentários de Biden enviaram um "sinal seriamente errado" às forças separatistas pela independência de Taiwan.
A China estava "fortemente insatisfeita e se opunha resolutamente" aos comentários de Biden e apresentou uma queixa formal sobre isso, afirmou ela, alertando que a China se reserva o direito de tomar todas as medidas necessárias para combater o separatismo.
O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan expressou seus agradecimentos a Biden por sua reafirmação do "compromisso de segurança sólido do governo dos EUA com Taiwan".
Taiwan continuará a fortalecer suas capacidades de autodefesa e aprofundar a estreita parceria de segurança entre Taiwan e os Estados Unidos, disse o ministério de Taiwan em comunicado.
A entrevista da CBS com Biden foi realizada na semana passada. O presidente está no Reino Unido para o funeral da rainha Elizabeth nesta segunda-feira.