Por Humeyra Pamuk e Nidal al-Mughrabi
TEL AVIV (Reuters) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, reuniu-se com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para uma conversa que visava garantir mais fluxos de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, em meio a relações cada vez mais tensas entre os dois aliados por conta da guerra de seis meses contra o grupo militante palestino Hamas.
Blinken, em sua sexta viagem ao Oriente Médio desde o início da guerra, em 7 de outubro, está envolvido em uma série intensa de reuniões diplomáticas desde que chegou à região na quarta-feira, reunindo-se com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman e com autoridades de países árabes no Cairo na quinta-feira.
Reuniões paralelas também estão ocorrendo em Doha nesta sexta-feira, com o objetivo de garantir um cessar-fogo ao conflito.
A mais recente visita do principal diplomata dos EUA a Israel ocorre em um momento de tensão entre os dois países, com o presidente dos EUA, Joe Biden, chamando a campanha militar de Israel em Gaza de "exagerada" e dizendo que ela teve um impacto muito grande na vida de civis.
Blinken disse que abordaria a crescente distância entre os dois países em sua conversa individual com Netanyahu. Ele também deve se reunir com o gabinete de guerra israelense.
O secretário pressionará Netanyahu a tomar medidas urgentes para permitir a entrada de mais ajuda no enclave, onde a morte em massa por fome é iminente, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
A guerra foi desencadeada por um ataque ao sul de Israel por combatentes do Hamas, que mataram 1.200 pessoas e fizeram 253 reféns, de acordo com os registros israelenses. Mais de 32.000 palestinos foram mortos nos bombardeios israelenses subsequentes, com muitos outros mortos sob os escombros, segundo as autoridades de saúde de Gaza.
As autoridades dos EUA dizem que o número de entregas de ajuda por via terrestre precisa aumentar rapidamente e que precisa ser mantida por um longo período. Israel afirma que não está bloqueando a ajuda alimentar, mas as agências humanitárias dizem que o país não está fornecendo acesso ou segurança suficientes.
"Cem por cento da população de Gaza está enfrentando níveis graves de insegurança alimentar aguda. Não podemos, não devemos permitir que isso continue", disse Blinken em uma coletiva de imprensa na quinta-feira.
"Israel precisa fazer mais. Amanhã, conversarei com nossos parceiros sobre como coordenar nossos esforços", disse Blinken.
Blinken também deve discutir a intenção de Israel de lançar uma ofensiva terrestre em Rafah, uma cidade no extremo sul do enclave, onde mais da metade da população está abrigada em acomodações improvisadas.
Washington tem se oposto repetidamente a esse plano. Netanyahu disse a Biden em um telefonema na segunda-feira que Israel não vê outra maneira de derrotar os combatentes do Hamas que, segundo ele, estão escondidos lá.
A discussão desta sexta-feira também deve estabelecer as bases para as reuniões em Washington entre autoridades israelenses e norte-americanas na próxima semana, quando os EUA apresentarão aos israelenses formas alternativas de caçar o Hamas sem recorrer a um ataque total que colocaria em risco mais vidas civis.