Por Monica Machicao
LA PAZ (Reuters) - Rompendo com seu passado, o governo da Bolívia reconheceu que o país está se tornando um pólo de produção de cocaína, em vez de um mero centro de transportes e produtor de folha de coca.
Junto com Colômbia e Peru, a Bolívia é amplamente reconhecida como líder na produção mundial de coca, matéria-prima da cocaína, mas o governo insistia há tempos que a produção de cocaína pronta para ser consumida era limitada no país.
Em uma mudança de tom nesta semana, o governo afirmou que destruiu vários laboratórios, a maioria na região tropical de Chapare, uma das principais áreas de cultivo de coca e um bastião do ex-presidente de esquerda, Evo Morales.
"Apenas em 2023, nosso governo destruiu mais de 27 mega laboratórios (na região) para a cristalização de cloridrato de cocaína", disse o ministro do Governo, Eduardo Del Castillo, a repórteres.
"Eles estão tentando fazer com que nossa nação se transforme de um país de trânsito de droga a um país produtor de droga", acrescentou ao mostrar um mapa com cerca de 1.804 apreensões de fábricas de drogas desde 2020, a "grande maioria" em Chapare, disse.
Essa admissão destaca a pressão sofrida pelo governo, no exterior e internamente, para lidar com o assunto, e também tensões entre o presidente socialista do partido Movimento ao Socialismo (MAS), Luis Arce, e Morales, seu principal rival dentro do partido e um ex-líder sindical de produtores de coca em Chapare.
(Reportagem de Monica Machicao)