(Reuters) - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quarta-feira a ampliação da meta de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa do Brasil, durante encontro sobre o clima realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.
No evento, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, leu uma carta do governo brasileiro em nome de Lula e disse que o Brasil ampliaria para 48% sua meta de redução de emissões até 2025 e para 53% até 2030 em comparação com os níveis de 2005.
"O Brasil, que já tinha uma das metas climáticas mais ambiciosas do mundo, decidiu ir além... Elevaremos os compromissos brasileiros de redução de emissão de 37% para 48% até 2025 e de 50% para 53% até 2030", disse Marina ao ler o discurso de Lula durante a Cúpula de Ambição Climática da ONU.
O presidente tinha participação prevista no evento nesta manhã, mas acabou cancelando o comparecimento em meio a uma agenda cheia, que inclui bilaterais com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.
Na cúpula, realizada para que países convidados apresentassem seus progressos em ações climáticas, o governo brasileiro também aproveitou para relatar medidas elaboradas em prol do clima e do meio ambiente ao longo do último ano, como a realização da Cúpula da Amazônia, em agosto, e a retomada da Bolsa Verde.
"Já estamos agindo para retornar as nossas ambições para a realidade... O Brasil quer ser um grande exportador de sustentabilidade", afirmou Marina.
Na terça-feira, fontes com conhecimento do assunto haviam antecipado à Reuters que o Brasil ampliaria suas metas de redução de emissões com provável anúncio durante o evento em Nova York, onde está ocorrendo o encontro anual da Assembleia Geral da ONU.
Em seu discurso também na terça na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula dedicou uma parte de sua fala à questão das mudanças climáticas. "São as populações vulneráveis do Sul Global as mais afetadas pelas perdas e danos causados pela mudança do clima", disse.
O presidente tem atuado em seu terceiro mandato na restauração da política ambiental brasileira, após o aumento do desmatamento da floresta amazônica durante o governo do antecessor Jair Bolsonaro.
Aproximadamente metade das emissões de gases de efeito estufa no Brasil vem do desmatamento e de outros usos da terra.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Fernando Cardoso, em São Paulo)