Por Alistair Smout e Michael Holden
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido se preparava nesta quarta-feira para a chegada de Donald Trump poucas horas depois de o presidente dos Estados Unidos se intrometer na crise sobre o Brexit, que engolfa o governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, e retratar o maior aliado europeu dos EUA na Europa como um país em caos.
Trump chega ao Reino Unido na quinta-feira depois de uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas na qual repreendeu a Alemanha e outras nações europeias por não contribuírem o suficiente com os gastos de defesa.
Sua viagem coincide com uma semana turbulenta para a premiê britânica, já que dois de seus principais ministros renunciaram para protestar contra seus planos para o comércio com a UE depois que o Reino Unido se desfiliar em março do bloco.
May parece ter afastado por ora um questionamento de sua liderança vindo de parte de descontentes do seu Partido Conservador, mas os comentários de Trump antes da viagem --que o Reino Unido está "um tanto tumultuado" e que cabe ao povo decidir se ela continua no poder-- aumentaram a sensação de uma crise política.
Trump também disse que pode conversar com o ex-secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, que assim como o ministro do Brexit, David Davis, se demitiu por causa dos planos de May para um Brexit pró-mercado que só foi acertado por seu gabinete na sexta-feira.
Num momento em que May tenta unificar seu partido em torno de suas propostas, comentaristas afirmam que o encontro de Trump com Johnson sugeriria apoio para sua opinião de que os planos de May inibiriam a capacidade britânica de forjar novos acordos de livre comércio.
Assegurar um acordo pós-Brexit entre os EUA e o Reino Unido é algo que tanto Trump quanto o governo de May anunciaram como um dos principais benefícios da saída da UE.
Trump expressa há tempos seu apoio ao Brexit, dizendo que ele foi parte de uma revolta global que acabou levando-o ao poder.