Por Cassandra Garrison e Sofia Menchu
CIDADE DA GUATEMALA (Reuters) - O candidato anticorrupção Bernardo Arévalo foi eleito presidente da Guatemala no domingo, mostraram resultados preliminares, em uma vitória que até recentemente parecia impossível e que muitos eleitores esperam que acabe com anos de alegações de corrupção e autoritarismo contra o governo.
Arévalo, um ex-diplomata de 64 anos e filho de um ex-presidente, tinha 58% dos votos, contra 37% da ex-primeira-dama Sandra Torres, com 99% dos votos apurados.
Sua vitória ocorre em um momento em que a violência e a insegurança alimentar assolam o país, provocando novas ondas de migração. Os guatemaltecos agora representam o maior número de centro-americanos que procuram entrar nos Estados Unidos.
Arévalo prometeu "expurgar as instituições cooptadas pelos corruptos" e fazer com que as pessoas se comprometam com o que ele chama de luta pela justiça para retornar à Guatemala depois que dezenas de promotores, juízes e jornalistas fugiram do país.
"Esta vitória pertence ao povo da Guatemala e agora, unidos como povo guatemalteco, vamos lutar contra a corrupção", disse Arévalo em coletiva de imprensa após sua vitória.
O presidente Alejandro Giammattei parabenizou Arévalo pela plataforma X, antes conhecida como Twitter, e o convidou a iniciar uma "transição ordenada" assim que os resultados fossem formalizados. O novo presidente assume em 14 de janeiro.
Do lado de fora do hotel Las Americas, na capital, onde Arévalo marcou para discursar, simpatizantes se reuniram para comemorar sua vitória, tocando buzinas, agitando bandeiras guatemaltecas e aplaudindo.
Muitos guatemaltecos disseram que esperavam que a vitória de Arévalo trouxesse um futuro melhor.
"Esperamos por este momento por muitos anos", disse Carlos de Leon Samayoa, de 27 anos, enquanto comemorava nas ruas da Cidade da Guatemala. "Estou muito emocionado."
Arévalo emergiu de forma inesperada da obscuridade política para construir um grande movimento anticorrupção com seu partido Semilla, depois que muitos outros candidatos da oposição foram impedidos de concorrer.
Sua vitória marca um repúdio aos partidos políticos estabelecidos na Guatemala, que exercem grande influência.
Quando Arévalo conquistou surpreendentemente o segundo lugar no primeiro turno de votação em junho, os resultados oficiais foram adiados porque os oponentes alegaram irregularidades e seu partido foi brevemente suspenso a pedido de um proeminente promotor antes que o tribunal superior da Guatemala revertesse a proibição.
Além de suas políticas anticorrupção, Arévalo disse que deseja expandir as relações com a China junto com a aliança de longa data da Guatemala com Taiwan. Ainda não se sabe como ele planeja fazer isso, dada a política da China de que nenhum país com o qual tenha laços pode manter relações diplomáticas separadas com Taipé.