Por Michael Holden
LONDRES (Reuters) - A Rússia está provocando um caos cibernético e deveria enfrentar retaliação se continuar a minar instituições democráticas no Ocidente, disse o ex-diretor da agência de espionagem britânica nesta segunda-feira.
A Rússia nega as alegações, feitas por governos e serviços de inteligência, de que está por trás de um número crescente de ataques cibernéticos a alvos comerciais e políticos em todo o mundo, incluindo as invasões de campanhas presidenciais recentes na França e nos Estados Unidos.
Indagado se as autoridades russas são uma ameaça ao processo democrático, Robert Hannigan, que deixou o comando do serviço de inteligência britânico em março, respondeu: "Sim... existe um caos desproporcional no ciberespaço vindo da atividade estatal da Rússia".
Em sua primeira entrevista desde que deixou o Quartel-General de Comunicações do Governo (GCHQ), Hannigan disse à rádio BBC que foi positivo o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, terem "ressaltado isso recentemente" em público.
Ao discursar ao lado de seu colega russo, Vladimir Putin, em maio, Macron disse que órgãos de notícias financiados pelo Estado russo tentaram desestabilizar sua campanha, e na semana passada o diretor da agência de inteligência doméstica da Alemanha disse esperar que Rússia tente influenciar a eleição de seu país em setembro.
"No fim das contas as pessoas terão que reagir à atividade estatal russa e mostrar que é inaceitável", disse.
"Não tem que ser ciberretaliação, mas pode ser que seja necessária em algum momento no futuro. Podem ser sanções e outras medidas, só para demarcar algumas linhas vermelhas e dizer que este comportamento é inaceitável".