Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco aceitou neste sábado a renúncia do cardeal Theodore McCarrick, uma das figuras mais proeminentes da Igreja Católica nos Estados Unidos e que está no centro de um amplo escândalo de abusos sexuais.
McCarrick, de 88 anos e ex-arcebispo de Washington, é o primeiro cardeal na memória viva a perder seu chapéu vermelho e título. Outros cardeais que foram disciplinados em escândalos de abusos sexuais mantiveram seus títulos no Colégio Cardinalício e o honorífico "vossa eminência".
As acusações contra McCarrick, reveladas publicamente pela primeira vez no mês passado, aconteceram enquanto Francisco enfrenta uma crise de imagem também no Chile, onde um crescente escândalo de abusos sexuais foi revelado na Igreja no país.
Um comunicado do Vaticano informou que o papa ordenou a suspensão de McCarrick de exercício de qualquer ministério público. Isto significa que ele permanece um padre, mas poderá realizar missas apenas em particular.
Francisco também ordenou McCarrick a entrar em reclusão "por uma vida de orações e penitências até que as acusações contra ele sejam examinadas em um julgamento canônico regular".
A queda repentina de McCarrick chocou a Igreja norte-americana porque ele era um líder amplamente respeitado há décadas e um confidente de papas e presidentes.
No mês passado, autoridades da Igreja norte-americana disseram que acusações de que ele abusou sexualmente de um jovem de 16 anos há quase 50 anos são críveis e fundamentadas.
Desde então, outro menor se apresentou com acusações de que McCarrick o abusou quanto tinha 11 anos de idade e diversos homens se apresentaram para alegar que McCarrick os forçou a dormir com ele em uma casa de praia em Nova Jersey quando eram seminaristas adultos estudando para o sacerdócio.
McCarrick disse ter absolutamente nenhuma lembrança do suposto abuso do adolescente há 50 anos, mas não comentou sobre as outras acusações.
O New York Times relatou na semana passada que duas dioceses em Nova Jersey, onde McCarrick serviu como bispo antes de ser promovido para Washington em 2000, haviam fechado acordos financeiros em 2005 e 2007 com homens que disseram ter sido abusados por McCarrick quando adultos há décadas.
Acredita-se que última pessoa a renunciar do Colégio Cardinalício tenha sido o teólogo francês Louis Billot, que saiu por conta de um desentendimento com o papa Pio 11 em 1927, de acordo com o jornal norte-americano National Catholic Reporter.
(Reportagem de Philip Pullella)