(Reuters) - Carl Djerassi, um químico nascido na Áustria que ajudou a desenvolver a pílula anticoncepcional antes de se tornar um dramaturgo e romancista, morreu em San Francisco na sexta-feira, aos 91 anos, informou sua família.
Djerassi, professor emérito da Universidade de Stanford, era o líder de uma equipe de pesquisadores na Cidade do México que sintetizaram um derivado do hormônio progesterona de forma que as mulheres poderiam tomar por via oral. A descoberta, em 1951, tornou-se a base de algumas das primeiras pílulas para prevenir a gravidez.
"A pílula", como ficou conhecido na cultura popular, foi responsável por influenciar uma mudança radical nos costumes sexuais e na mudança do papel da mulher na sociedade ocidental.
Djerassi foi condecorado com a Medalha Nacional de Ciência em 1973 por sua contribuição para a nova forma anticoncepcional.
No entanto, no momento de sua morte Djerassi tinha deixado a ciência por trás e estava em sua segunda carreira como romancista e dramaturgo. Começando na década de 1980, ele escreveu cerca de 20 livros.
"Eu estou cansado de falar sobre a pílula", Djerassi disse ao San Francisco Chronicle em uma entrevista há quatro meses. Em vez disso, ele queria falar sobre sua paixão por escrever peças com conteúdo científico.
Djerassi dividiu seu tempo entre San Francisco, Viena e Londres. Nascido na Áustria, a sua família fugiu do país quando os nazistas chegaram ao poder, mudando-se primeiro a Bulgária, em seguida, para os Estados Unidos. Sua imagem está em um selo postal austríaco.
Depois de se tornar um homem rico graças às suas ações na Syntex, uma empresa que comercializou as primeiras pílulas anticoncepcionais, Djerassi se tornou um colecionador de arte.
Mas depois ele vendeu a maior parte de sua coleção de obras de Paul Klee e virou-se para o apoio aos artistas criativos, montando uma colônia perto de Woodside, Califórnia, onde mais de 2 mil coreógrafos, escritores, músicos e artistas visuais tiveram residências.
Parte da inspiração para fundar o retiro Woodside foi a morte de sua filha artista em 1978.
Djerassi era viúvo e deixa seu filho, enteada e neto. Ele morreu de complicações do câncer, disse sua família.
(Por Fiona Ortiz)