Por Kate Kelland
LONDRES (Reuters) - O número de adultos com diabetes em todo o mundo quadruplicou em menos de quatro décadas, chegando a 422 milhões, e a doença está se tornando rapidamente um grande problema em países mais pobres, informou um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira.
Em um dos maiores estudos de tendências de diabetes já realizado, os pesquisadores disseram que as populações em processo de envelhecimento e os níveis crescentes de obesidade em todo o globo fazem com que a diabetes esteja se tornando "um tema de saúde pública global incontornável".
A diabetes tipo 2 é uma doença de longo prazo caracterizada por resistência à insulina. Os pacientes podem se tratar com medicamentos e dieta, mas muitas vezes a doença pode durar a vida toda e é uma importante causa de cegueira, falência dos rins, ataques cardíacos, derrames e amputação dos membros inferiores.
"A obesidade é o fator de risco mais importante da diabetes tipo 2, e nossas tentativas de controlar os índices crescentes de obesidade não se mostraram bem-sucedidas até o momento", disse Majid Ezzati, professor do Imperial College, de Londres, que conduziu a pesquisa da OMS.
Publicado no periódico científico The Lancet às vésperas do Dia Mundial da Saúde da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece em 7 de abril, o estudo usou dados de 4,4 milhões de adultos de regiões diferentes do mundo para estimar a prevalência de diabetes por faixa etária em 200 países.
A pesquisa revelou que, entre 1980 e 2014, a diabetes se tornou mais comum entre os homens do que as mulheres, e que as taxas de diabetes aumentaram significativamente em muitas nações de renda baixa e média, como China, Índia, Indonésia, Paquistão, Egito e México.
Margaret Chan, diretora-geral da OMS, disse que a descoberta mostrou a necessidade urgente de abordar dietas e estilos de vida insalubres em todo o planeta.
"Se for para obtermos algum avanço na interrupção do aumento da diabetes, precisamos repensar nossas vidas cotidianas: comer de maneira saudável, praticar atividades físicas e evitar o ganho de peso excessivo", afirmou em declaração na sede da OMS em Genebra.
"Mesmo nos contextos de maior pobreza, os governos precisam fazer com que as pessoas tenham condições de fazer estas escolhas saudáveis e os sistemas de saúde sejam capazes de diagnosticar e tratar pessoas com diabetes".
O estudo mostrou que o noroeste da Europa tem a menor incidência de diabetes entre mulheres e homens, mas que nenhum país testemunhou uma redução relevante na prevalência de diabetes. Os dados também revelaram que, em 2014, metade dos adultos com diabetes viviam em cinco países: China, Índia, Estados Unidos, Brasil e Indonésia.