XANGAI/PEQUIM (Reuters) - Uma queda global das ações nesta semana lembrou os investidores sobre o poder da conta do presidente norte-americano no Twitter, mas na China, onde as perdas foram maiores, a proibição da cobertura da mídia de seus comentários levantou dúvidas sobre o esforço de Pequim para internacionalizar seus mercados de capitais.
No domingo, o presidente Donald Trump postou ameaças de que iria elevar as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses, reavivando os temores sobre as negociações comerciais e derrubando os principais índices acionários chineses em mais de 5 por cento.
Os investidores institucionais puderam ler os últimos acontecimentos através de terminais conectados globalmente quando os mercados abriram na segunda-feira. No entanto, muitos investidores de varejo, que representam cerca de 80 por cento do volume de negócios do mercado acionário da China, não souberam o que estava por trás da queda das ações locais até o final do dia.
"Claramente, o tipo de censura que vimos só retarda a transmissão de informações", disse Paul Luk, professor assistente do departamento de economia da Universidade Batista de Hong Kong.
"Isso significa que aqueles que receberem as informações mais prontamente, que incluem investidores institucionais, instituições financeiras internacionais e investidores sofisticados bem conectados, podem ajustar suas posições perante os investidores de varejo", disse ele, estimando que os investidores individuais foram os mais afetados com as perdas na segunda-feira.
Meios de comunicação no dia foram informados por Pequim para não relatar de forma independente os tuítes de domingo de Trump. O conteúdo relacionado também foi censurado nas mídias sociais, e os estrategistas foram aconselhados a não mencionar Trump em suas análises.
Mesmo que os investidores de varejo recebam qualquer informação através de mídia autorizada na China, ela geralmente é limitada ou datada.
Participantes do setor dizem que essas restrições vão contra o desejo dos reguladores de proteger os pequenos investidores contra as vantagens dos grandes participantes e ameaçam afetar as tentativas da China de promover um mercado de capitais justo e transparente, atraente para os investidores estrangeiros.
(Por Yawen Chen, Samuel Shen e Cate Cadell)