PEQUIM (Reuters) - A China negou nesta segunda-feira fundamento às acusações de que roubou os planos de fabricação do caça F-35 stealth (quase invisível aos radares), depois que documentos sobre um ataque cibernético foram vazados pelo ex-subcontratado do setor de inteligência dos Estados Unidos Edward Snowden e publicados por uma revista alemã.
O Pentágono já havia admitido que hackers tinham atacado o banco de dados dos programas de defesa dos EUA, tais como o do F-35 Joint Strike Fighter, mas não chegou a acusar publicamente China pela violação.
Especialistas da Defesa dizem que os jatos stealth fabricados na China têm elementos de design que lembram o F-35.
O Pentágono e a fabricante do jato, a Lockheed Martin Corp, haviam dito que nenhuma informação sigilosa tinha sido furtada durante a invasão cibernética.
No entanto, a revista alemã Der Spiegel publicou no sábado um conjunto de documentos entregue por Snowden, incluindo uma apresentação ultrassecreta do governo dos EUA segundo a qual a China roubou "muitos terabytes" de dados sobre o programa F-35, incluindo os modelos de radar e esquemas de motor.
"As chamadas provas que têm sido usadas para lançar acusações infundadas contra a China são totalmente sem cabimento", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hong Lei, a jornalistas.
Hong afirmou que a "natureza complexa" dos ataques cibernéticos faz com que seja difícil identificar o agressor, acrescentando que a China quer trabalhar com outros países para evitar a pirataria.
"De acordo com os materiais apresentados pela pessoa em questão, alguns países têm condições escandalosas de segurança cibernética", acrescentou Hong.
Em 2014, as revelações de Snowden do amplo alcance do programa de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA provocaram indignação internacional.
A Lockheed Martin está produzindo o F-35 para os militares dos EUA e países aliados em um projeto de 399.000 milhões dólares --o programa armamentista mais caro do mundo. Sua meta é garantir capacidades furtivas avançadas, melhor mobilidade e sensores de alta tecnologia, mas o programa vem enfrentando atrasos e estouros no orçamento.
A China apresentou seu aguardado avião de combate bimotor J-31 em um show aéreo no final do ano passado em uma demonstração de força durante uma visita ao país do presidente dos EUA, Barack Obama.
A fabricante da aeronave, a Corporação da Indústria da Aviação da China, causou rebuliço quando seu presidente, Lin Zuoming, disse que o jato poderia "derrubar" o F-35.
(Reportagem de Sui-Lee Wee)