Por Ben Blanchard e Benjamin Kang Lim
PEQUIM (Reuters) - A China está investigando um segundo ex-oficial militar de alto escalão por suspeita de corrupção, disseram duas fontes independentes à Reuters, num momento em que o presidente Xi Jinping amplia sua campanha contra o desvio de dinheiro público, profundamente enraizado no país.
Guo Boxiong, de 72 anos, foi vice-presidente da poderosa Comissão Militar Central e deixou o cargo em 2012. Outro ex-vice-presidente do órgão, Xu Caihou, foi posto sob investigação no ano passado, sob suspeita de corrupção.
Antes da aposentadoria, eles eram dois dos principais oficiais militares da China e serviram juntos sob o antecessor de Xi, Hu Jintao. Xi Jinping também foi vice-presidente dessa comissão, ao lado de Guo e Xu, no período de 2010-2012, antes de se tornar chefe do Partido Comunista e da Comissão Militar.
O governo anunciou na segunda-feira uma investigação sobre o filho de Guo, Guo Zhenggang, um comissário político militar adjunto na província oriental de Zhejiang. Ele acabara de ser promovido a general, em janeiro.
"O próprio Guo Boxiong está com problemas e está sendo investigado", disse à Reuters, sob condição de anonimato, uma fonte com laços com os militares. "O anúncio sobre seu filho era uma mensagem para o público sobre a investigação do pai", acrescentou a fonte, sem dar mais detalhes.
Uma segunda fonte com laços com os militares confirmou que Guo estava sendo investigado, mas não forneceu mais informações.
O Ministério da Defesa da China não respondeu a um pedido de comentário.
Guo ocupou por mais de uma década o alto cargo na Comissão Militar Central, responsável pela maior força armada do mundo, com cerca de 2,3 milhões de pessoas, tendo subido na hierarquia depois de entrar para o Exército em 1961, de acordo com sua biografia oficial.
Em 2006, ele visitou os Estados Unidos e se reuniu com o então secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.
O governo chinês alimentou as especulações sobre o seu destino com uma nota divulgada na segunda-feira no site do Diário do Povo, órgão do Partido Comunista, com a manchete: "Você sabe qual sinal está sendo enviado com a queda de Guo Zhenggang".
A insinuação foi amplamente captada por outros meios de comunicação chineses. "Quando se trata de combater a corrupção nas Forças Armadas, a melhor parte do show ainda está por vir", dizia um comentário, que motivou uma onda de respostas no Weibo –o correspondente chinês ao Twitter– de que o pai era o verdadeiro alvo. O governo chinês costuma plantar indícios na imprensa estatal sobre quem está em apuros antes de fazer anúncios formais.
As autoridades anunciaram investigações de mais de uma dúzia de altos funcionários militares por acusações de atos graves de corrupção, 14 deles na segunda-feira, incluindo o filho de Guo. Muitos dos implicados têm laços com o escândalo envolvendo Xu.
A notícia surge pouco antes da reunião anual do Parlamento da China, o Congresso Nacional do Povo, que começa na quinta-feira. A corrupção provavelmente será um dos principais tópicos, embora não haja a expectativa de anúncio de novas medidas para combatê-la.
(Reportagem adicional de Sui-Lee Wee)