XANGAI (Reuters) - A China deve aprender com a tumultuada Revolução Cultural, que durou uma década, e jamais permitir que tal evento volte a acontecer, disse o jornal oficial do Partido Comunista, o Diário do Povo, no aniversário do movimento.
A segunda-feira marcou o 50º aniversário do início da Revolução Cultural, mas não houve comemorações oficiais e nenhum sinal de que o partido planeje atenuar o controle que impõe à narrativa de um de seus episódios históricos mais danosos.
"Jamais devemos nos esquecer de extrair lições da 'Revolução Cultural'", afirmou o diário em um artigo de opinião publicado nesta terça-feira, uma rara menção pública do período entre 1966 e 1976 durante o qual Mao Tsé-Tung declarou uma guerra de classes, mergulhando a China no caos e na violência.
"Não podemos e não permitiremos uma repetição de um erro como a 'Revolução Cultural'", acrescentou.
Durante a revolução, e economia estagnou, as escolas foram fechadas e alguns historiadores estimam que até 1,5 milhão de pessoas morreram e outras milhões foram perseguidas em meio à sublevação política.
Escolas e relatos históricos oficiais eximem o movimento e evitam mencionar a violência, adotando uma linha próxima do veredicto oficial do partido, emitido cinco anos depois que a morte de Mao pôs fim à Revolução Cultural – a de que ela foi um erro grande e custoso.
O Diário do Povo disse que o levantamento de 1981 foi "inabalavelmente científico e criterioso".
Embora Mao continue dividindo opiniões, sua imagem adorna notas bancárias e seu corpo embalsamado atrai centenas, senão milhares, de visitantes todos os dias em Pequim.
Ele também se tornou um símbolo poderoso para alguns esquerdistas do partido que acreditam que as três décadas de reformas voltadas ao mercado foram longe demais, criando desigualdades sociais, como um fosso cada vez maior entre ricos e pobres, e uma corrupção corrosiva.
O Diário do Povo afirmou que a China nunca esteve tão próxima quanto hoje, nem teve mais confiança, de alcançar o objetivo do "grande rejuvenescimento do povo chinês" e que o país deve "se unir inseparavelmente" a seu presidente, Xi Jinping.
(Por John Ruwitch e Michael Martina)